São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Presidente libera mais verbas ao Nordeste

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia na sexta-feira, em Touros (RN), uma linha especial de crédito para apressar a conclusão de obras no Nordeste.
Fernando Henrique inicia, com isso, uma nova estratégia de marketing, de olho na reeleição. Já com incentivos do governo, o presidente inaugura açudes em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.
Essa é a primeira escala de uma série de viagens que FHC vai realizar pelo país. O presidente quer mudar sua imagem, deixando de ser apenas o guardião do Real para também se mostrar como um tocador de obras.
Além disso, outro objetivo da visita de FHC ao Nordeste é reduzir o descontentamento da bancada da região com o governo.
O PFL, o PMDB e o PSDB foram reclamar ao presidente do bloqueio de verbas para a região e da falta de uma política do governo federal para o Nordeste.
FHC precisa da bancada nordestina no Congresso para conseguir aprovar as reformas administrativa e da Previdência.
Além disso, esses votos são considerados essenciais pelo Palácio do Planalto para tentar obter o sinal verde do Congresso para que FHC concorra à reeleição em 1998.
Eleições
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), receberá tratamento especial do presidente.
FHC vai inaugurar em Serra Talhada, cidade natal do parlamentar, o açude de Serrinha, obra que ficou pronta depois de mais de 30 anos de sucessivas paralisações.
"É normal. O PFL é leal ao governo", reagiu Inocêncio, ao ser indagado sobre as razões que levam FHC a Serra Talhada.
Ele observou que o Nordeste recebe menos investimentos e menos verbas federais em relação aos Estados do centro e do sul do país.
Além disso, a viagem de FHC pelo interior do Nordeste se tornou um atrativo especial para governadores e parlamentares da região num ano de eleições municipais -que ocorrerão em 1º de outubro.
Além de Serra Talhada, o presidente visitará Açu (RN), onde inaugura o Canal de Pataxós, Touros (RN), Crato (CE), e Iracema (CE), onde inaugura a primeira fase do açude Castanhão.
BNDES
Para atender os pleitos da bancada nordestina, os projetos incentivados pela Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) terão acesso a financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A Secretaria Especial de Política Econômica vai revisar toda a carteira de projetos da Sudene. São mais de 400 projetos.
A intenção é passar um pente fino em todos eles e verificar os que não contêm nenhum tipo de irregularidade. Após essa "operação limpeza", os projetos com maior potencial de geração de empregos terão prioridade para obter créditos do BNDES.
O secretário de Desenvolvimento Regional, Cícero Lucena, avalia que esse crédito adicional, complementando os R$ 500 milhões anuais da própria Sudene, permitirão que os projetos sejam concluídos com maior rapidez.
Disputa
FHC visitará durante a viagem Pernambuco e Ceará, os dois Estados do Nordeste que disputam sediar uma montadora de automóveis e uma refinaria de petróleo.
Inocêncio disse à Folha que Pernambuco possui uma estrutura portuária mais desenvolvida que o Ceará. Por esse motivo, o Estado estaria melhor preparado para receber a refinaria.
A Folha apurou que o governador do Ceará, Tasso Jereissati, praticamente já conseguiu o sinal verde para a instalação da refinaria em seu Estado. A operação envolve recursos públicos e privados na faixa de R$ 1,5 bilhão.
Caso a refinaria fique com o Ceará, Inocêncio disse que Pernambuco teria direito à montadora. Segundo ele, uma montadora tem condições de gerar 200 mil empregos diretos e indiretos.

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