São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996 |
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Animais de zôos terão "bip antitráfico"
PAULO SILVA PINTO
A Sociedade Brasileira de Zoológicos quer introduzir em todos eles microchips de 1 mm de diâmetro por 1 cm de comprimento. A idéia é dificultar o tráfico internacional de animais silvestres com o "documento" eletrônico. "Com o tempo vai ficar difícil para um zoológico no exterior explicar de onde veio um tucano, por exemplo, se ele não tiver um microchip", disse o presidente da sociedade, Raul Gonzalez Acosta. Os zoológicos e alguns criadouros são os únicos que podem vender ou trocar animais silvestres, com licença do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). O custo total da operação vai ser de R$ 600 mil, doados pelo Banco Mundial em três parcelas -uma no segundo semestre deste ano e as outras duas em 97. O governo, por meio do Ibama, avaliza o projeto. "Lavagem" de animais Quase todos os 360 mil animais brasileiros que chegam ao exterior, porém, têm outra origem: são capturados da natureza e exportados ilegalmente. Muitos destes animais são "lavados" em países vizinhos, segundo Gonzalez. "Há pessoas que atravessam a fronteira com um macaco brasileiro, conseguem papéis atestando sua origem legal e o trazem de volta para o Brasil ou o levam para o exterior." Há zoológicos no exterior que afirmam ter obtido o animal em zoológicos de pequeno porte do Brasil, mas não têm documentos atestando a operação. Segundo Gonzalez, as artimanhas de traficantes para "lavar" animais silvestres já incluem até o furto de anilhas -anéis metálicos usados para controle de identificação, mas podem ser extraídos com um alicate. No caso da nova identificação eletrônica, será muito difícil descobrir onde foi colocado o chip no animal e retirá-lo para colocar em outro. A falsificação não é impossível, mas é mais difícil do que produzir um anel metálico. Emissão de sinal O microchip é colocado sob a pele do animal com uma seringa, como se estivesse aplicando uma injeção. O chip fica ali permanentemente, já que não entra em contato com a corrente sanguínea nem transita pelo corpo. Aproximando um detector a 1,5 m do animal, pode-se saber qual a sua espécie, onde e quando ele nasceu e seu número de identificação. O chip emite um sinal refletindo as ondas do aparelho. Há 96 zoológicos no Brasil com mais de 50 animais. A implantação dos chips será gratuita. Texto Anterior: A dívida de Maluf Próximo Texto: Tráfico pega 12 milhões de bichos por ano Índice |
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