São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Procon age contra abuso nos preços

DANIELA FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando o consumidor tem algum problema e não consegue resolvê-lo sozinho, a primeira coisa que passa em sua cabeça, geralmente, é recorrer ao Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor).
O órgão, que virou sinônimo de abrigo para consumidores queixosos, também fiscaliza empresas, multando as que agem de maneira irregular.
Essa atividade do Procon, iniciada em 1987, é praticamente desconhecida pelos consumidores. Eles não sabem que podem acionar o órgão para denunciar um supermercado que está vendendo produtos com data de validade vencida. O Procon multa em média cerca de 40 a 50 empresas por dia.
Irregularidades
Lojas que não afixam nas vitrines os preços dos produtos à vista, que cobram preços diferentes para pagamento com cartão de crédito e à vista, fornecedores que não entregam a mercadoria no prazo estipulado e propaganda enganosa também são casos passíveis de aplicação de multa pelo órgão.
O Procon fiscaliza ainda preços dos produtos tabelados (leite tipo C, combustível, cigarros e certos medicamentos) e autua as empresas que desrespeitam os valores previamente fixados.
Mas esse controle de preços representa hoje só 2% das atividades de fiscalização do órgão. O resto se refere a relações de consumo.
"Até 1991, quando o Código de Defesa do Consumidor entrou em vigor, a fiscalização estava atrelada ao tabelamento de preços dos planos econômicos, o que representava 90% dos casos. Após essa data, a defesa do consumidor ganhou espaço e eles denunciam outros tipos de abusos, não reclamando mais só dos preços", afirma Antônio Carlos Guido Junior, 32, chefe da fiscalização do Procon.
Um consumidor que procura o órgão para reclamar da demora na entrega de um produto, por exemplo, é recebido pelo departamento de atendimento, que contata a empresa para resolver o problema.
Ao mesmo tempo, a queixa é levada por trâmites internos ao setor de fiscalização.
"Aplicamos uma sanção administrativa para a empresa não incorrer no mesmo erro", diz Junior. As multas podem variar de 200 a 3 milhões de Ufirs.
Atualmente a receita proveniente das multas é repassada à Fazenda Pública. Neste ano o órgão vai se tornar uma fundação (o decreto já foi aprovado) e poderá administrar seus próprios recursos.
Segundo Júnior, o Procon vai poder investir mais em pesquisas. "Será a primeira vez que uma fundação vai exercer atividades de fiscalização", disse.
Além de denúncias de consumidores, o departamento pode ainda receber reclamações de ofício de associações e realizar operações especiais em datas como Dia da Mãe ou Dia da Criança etc.

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