São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Globalização põe em risco setor no país

Brasil atrai multinacionais

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Está aberta a temporada de caça às fábricas brasileiras de autopeças. Grandes empresas norte-americanas e européias do setor estão chegando ao país com a intenção de fornecer peças e componentes para um mercado que deve chegar a 3 milhões de unidades no ano 2000.
Segundo levantamento feito pelo Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), cerca de 60% das fusões ou aquisições de empresas no setor de autopeças nos últimos três anos se deram a partir do segundo semestre de 95.
O grupo inglês BTR (British Tyre & Rubber), tradicional fornecedor da Ford, adquiriu a Plascar (painéis de instrumentos), Carto (travas elétricas, lanternas) e Mangotex (mangueiras).
A norte-americana SPS, que já tinha 40% da Metalac (parafusos), comprou o restante da empresa.
A Pianfei, da Itália, a Irausa, da Espanha e a francesa Sommer fizeram uma joint-venture com a brasileira Acil (bancos).
A próxima grande aquisição deve sair nos próximos dias: a americana Eaton está oferecendo cerca de US$ 120 milhões pela Clark, de Valinhos (SP), que tem ações na Bolsa de Nova York. A Clark fabrica transmissões.
Globalização
A entrada dessas empresas no mercado brasileiro é resultado do processo de globalização da indústria automobilística.
"Com a abertura do mercado, o Brasil entrou na área do carro mundial e na era dos fornecedores globais", diz Luiz Alberto Fiore, sócio-diretor da consultoria Deloitte Touche Tohmatsu, especialista em fusões e aquisições. Ou seja, o país passa a fabricar carros idênticos aos do resto do mundo.
Mas o que a montadora instalada no Brasil pretende é que o seu fornecedor produza aqui, com qualidade e preço internacionais.
Irreversível
Paulo Butori, presidente do Sindipeças, entidade que reúne as 500 principais empresas do setor, diz que a globalização é irreversível.
"Em cinco anos esse processo se consolidará. Cerca de 30% dessas 500 empresas desaparecerão. Ou vão fechar ou serão absorvidas."
Na avaliação de Butori, as empresas mais interessadas no mercado brasileiro são as "sistemistas", que fornecem conjuntos de peças já montados para as fábricas.
São aquelas que participam lá fora do desenvolvimento do produto das montadoras. "Elas chegam ao Brasil com o pedido já feito pela montadora. A alternativa para o empresário nacional é se associar ou vender a empresa", afirma Butori.

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