São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Bolsa perde R$ 114 mi de estrangeiros

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os investidores estrangeiros reagiram de maneira tímida à aprovação da emenda da reforma da Previdência em primeira votação na Câmara e à rejeição da CPI dos bancos.
O ritmo de entrada de recursos externos havia diminuído desde o início do mês com as dificuldades do governo em evitar a CPI dos bancos e aprovar a reforma da Previdência.
A decepção dos investidores estrangeiros se traduziu na saída de recursos superando a entrada em R$ 114 milhões na Bolsa de Valores de São Paulo.
Robert Barclay, diretor da área internacional do Banco Bozano, Simonsen, diz que os problemas enfrentados pelo governo para aprovar as reformas estruturais da economia estavam "decepcionando os investidores".
Havia, também, a possibilidade de paralisação do ajuste do setor público com a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o sistema financeiro.
Barclay diz que -na expectativa de definição econômica e política- os clientes do Bozano, Simonsen paralisaram suas operações em março com equilíbrio entre entradas e saídas.
Na sexta-feira, já se observava que os investidores estrangeiros estavam mais "esperançosos" com o país, mas sem definição de tendência em termos de continuidade de novos ingressos externos, diz Barclay.
João Geraldo Ribeiro Filho, diretor-adjunto de serviços a investidores estrangeiros do Banco de Boston, diz que os clientes da instituição têm perspectiva de longo prazo. Há expectativa de continuidade na estabilidade econômica e política, de realização de reformas estruturais (como a da Previdência e a administrativa) e avanços no programa de privatização.
As discussões sobre a CPI dos bancos provocaram redução no ritmo de entrada de dinheiro estrangeiro.
No balanço do Banco de Boston, as saídas de recursos externos superaram as entradas em US$ 5 milhões em março até a última sexta-feira.
O valor não é significativo se comparado ao volume de dinheiro administrado pelo Banco de Boston (no anexo 4) que supera R$ 3 bilhões. O Anexo 4 refere-se ao dinheiro externo direcionado para o mercado de capitais (Bolsas).
Aecto Pinto, gerente do Citibank, diz que o ritmo de entrada de dinheiro dos clientes internacionais reduziu-se em março. As saídas superaram as entradas de recursos externos no Citibank em março até a sexta-feira em R$ 50 milhões.
Houve instituições como o Unibanco que registraram comportamento diverso da maioria das instituições. Julius Buchenrode, diretor do Unibanco, diz que os clientes não acreditaram que haveria a aprovação da CPI e aproveitaram a oportunidade de queda nos preços das ações nas Bolsas para ampliar as compras de papéis.
Os dados disponíveis da Comissão de Valores Mobiliários (referentes a fevereiro de 96) mostram que o volume de recursos externos aplicados no mercado de capitais brasileiro (anexo 4) atingiu R$ 20,94 bilhões.

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