São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996 |
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Que moleza ST!
FRANCESC PETIT Nada como ter sorte na vida, receber uma puta conta publicitária, um baita produto com o nome já feito, com uma fatia de mercado de dar água na boca e ainda receber, de graça a campanha pronta!Não precisa nem pensar, é só faturar. Puxa, a ST podia pelo menos tentar alguma coisa nova. Se a DPZ há 15 anos foi capaz de criar o "Garoto Bombril", hoje titio Bombril, um personagem inesquecível da propaganda brasileira, que já rendeu muitos lucros, prêmios e, principalmente, grandes dividendos aos acionistas da Bombril, multiplicando o valor dessa excelente e renomada marca. A DPZ elegantemente, como é de hábito na sua política com os clientes, cedeu os direitos autorais e de criação à empresa dos irmãos Ferreira, e a conta foi para outra agência que lavou a égua durante anos com o "Garoto" da DPZ. Agora, a ST vai fazer a farra com o "Garoto" da DPZ, sem ter chamuscado um só pelo da cabeça, sem ter suado a camisa pensando, procurando uma idéia nova, um novo personagem, uma nova descoberta... Daí a a gente percebe como isso é difícil. Agências de propaganda têm muitas, abrem novas todos os dias, mas idéias boas de propaganda têm muito poucas. Oras, é muita moleza pegar o trabalho dos outros, no caso meu, e sair por aí contando vantagem, fazendo farol às custas do meu trabalho! Ainda vamos ver nos jornais e revistas as famosas fichas técnicas dando à ST e ao seu pessoal de criação a autoria do personagem da Bombril, autoria dos textos, autoria comportamental... Certamente, até vão ganhar alguns preminhos. Isso é coisa fácil, quando se usa o Garoto Bombril! É uma moleza realmente. É como o Corinthians que se mata para vencer a Libertadores e desse de pressente esses gols maravilhosos para o São Paulo brilhar nesse campeonato. Ou o Michael Schumacher correr como um maluco para dar a vitória ao Diniz. É muita moleza! Naturalmente, a ST deve ter ótimas razões para usar o Garoto Bombril na nova campanha de "Quanto". Certamente, o anunciante deve ter exigido que fosse usado o Garoto para dar continuidade à campanha. Tenho certeza absoluta que a ST já deve ter apresentado outras alternativas, mais novas e criativas, pois a ninguém lhe passaria pela cabeça usar uma idéia tão velha e surrada, que foi tirada dela até a última gota do seu sangue. O meu personagem não aguenta mais. Ele, há muito tempo, merece uma aposentadoria compulsória e, mais ainda, um cachê por insalubridade. Coitado do Garoto, que há tanto tempo deixou de ser garoto, volta para a telinha, cansado e envelhecido, porque é muito difícil achar uma idéia melhor... Texto Anterior: Bolsa perde R$ 114 mi de estrangeiros Próximo Texto: Mercado editorial aposta em novos títulos para 96 Índice |
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