São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Jogador não é legume

MARCELO FROMER
e NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se há algum exemplo na história recente do nosso futebol de uma empreitada que obteve grande êxito, isto se deu primeiramente no São Paulo Futebol Clube.
Não só pelo pioneirismo da construção de um centro de treinamento, como na aplicação de noções modernas na administração: o tal futebol empresa
Enquanto isso, surgiam as primeiras fissuras nas arquibancadas do Morumbi...
Tudo parecia correr bem. Montou-se um esquadrão que foi capaz de igualar o feito do Santos de Pelé.
O São Paulo conquistou tudo o que disputou. Revelou inúmeros craques, montou-se e desmontou-se inúmeras vezes a equipe.
No entanto, todo o dinheiro arrecadado com essas vendas de jogadores -e não foram poucos milhões de dólares- não foi reaplicado na substituição dos jogadores negociados.
E as fissuras desceram das arquibancadas para as cadeiras cativas...
O episódio ocorrido na semana passada não condiz com a imagem de um clube que se pretende como honesto e transparente. A farsa veio à tona.
Dirigentes fantasiados de gravatas e celulares agiram como os mais baixos malandros que encontram ambiente para os seus pequenos golpes no silêncio noturno.
A recente troca que engrupiu não só a torcida, como a espinha dorsal dos profissionais envolvidos, foi ignóbil e burra. Gilmar, Aílton, Donizetti, Palhinha e Vítor foram colocados sorrateiramente dentro de um saco e despejados na Toca da Raposa.
E as fissuras finalmente chegaram ao gramado...
E antes de justificar com a farsa da reforma, o estado em que se encontra o Morumbi, e antes que a gente se acostume, devemos protestar: jogador não é legume.
E as fissuras chegaram à sala dos troféus...

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

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