São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Star Clipper tem elegância das damas

RODRIGO VERGARA
ENVIADO ESPECIAL AO CARIBE

Mais de 500 anos depois do descobrimento da América, ainda é possível conhecer o Caribe com o mesmo espírito de Colombo, que ali esteve em 1498. O segredo dessa viagem no tempo está no meio de transporte escolhido: o veleiro.
Por ser menor do que um navio de cruzeiro, o barco a velas pode chegar à costa como as caravelas do século 15: sem se preocupar com a existência de grandes portos ou atracadouros. Qualquer baía serve de abrigo durante a noite.
Não que um veleiro como o Star Clipper, considerado o mais alto do mundo, com 69 metros de mastro principal, precise de proteção.
O barco dispõe de radares e outros equipamentos que a evolução da navegação proporcionou nos últimos 500 anos.
Isso não quer dizer que os elegantes cabos e cordas que sustentam as velas tenham sido extintos. Eles continuam presentes por todo o convés do barco.
Mas a força para suspender e baixar os 11 mil metros quadrados de vela do navio quem faz não são mais marinheiros curvados pelo esforço, mas motores elétricos acionados ao toque de um botão.
Potência
Há ainda um motor potente, ideal para fazer com segurança manobras delicadas como zarpar de um porto. Em mar aberto, no entanto, as velas garantem o transporte com segurança e conforto.
O Star Clipper provou isso durante a viagem.
Na primeira noite a bordo, o barco navegou contra o vento e passou toda a madrugada adernado -inclinado sobre o bordo.
Algumas escotilhas localizadas em nível com o mar ficaram abaixo da linha da água, e o veleiro chacoalhava sem parar.
Pela manhã, ao chegar a Charlotteville, em Tobago, soube-se que a ressaca do mar foi incomum. Vários navios de cruzeiro tinham sido impedidos de zarpar naquela noite devido ao tempo.
Se não foi a melhor noite do mundo, serviu como teste de confiabilidade.
No calmo mar do Caribe, porém, o Star Clipper se transforma e tem o comportamento de "uma dama", como diz o capitão.
É hora de deitar em uma das espreguiçadeiras espalhadas pelos deques e ver as velas ao vento e o trabalho dos marinheiros. É o melhor a fazer a bordo, mesmo porque a programação é escassa. E é bom que seja assim.
Na verdade, não há muito tempo para atividades. Durante a maior parte da viagem, os passageiros estão conhecendo as cidades e praias mais próximas.
A bordo, a programação resume-se às palestras sobre navegação realizadas no deque, à tarde, e a uma rápida recreação, ao som de um solitário tocador de órgão, no deque em frente ao bar, depois do jantar.

LEIA MAIS
sobre o Star Clipper nas págs. 6-12 a 6-13

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