São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Índios protestam no Planalto e no STF

Manifestantes dão quadro ao presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um grupo de 200 índios protestou ontem diante do Supremo Tribunal Federal (STF) e no Palácio do Planalto contra o decreto 1.775 do Ministério da Justiça, que permite a revisão das áreas indígenas já demarcadas.
No STF, os índios dançaram e cantaram. No plenário, os ministros não ouviram a manifestação.
Enquanto isso, o PT entrava com uma ação direta de inconstitucionalidade no tribunal contra o decreto.
O partido alega que a possibilidade de contestação das demarcações torna vulnerável toda a política de proteção aos índios.
Seriam preservadas apenas as reservas já homologadas -com registro em cartório.
No Palácio do Planalto, os manifestantes presentearam o presidente Fernando Henrique Cardoso com um quadro que retrata o esqueleto de um índio, coberto com um cartaz que diz: "Essa é a política indigenista do governo".
O quadro, do artista Adir Sodré, é uma alusão ao destino dos índios após o decreto 1.775.
"Como o presidente renova o quadro do seu gabinete a cada mês, queremos ver se ele tem coragem de colocar esse quadro no mês de abril (19 de abril é o Dia do Índio). Queremos ver se ele é democrata, como alega, se é homem para provar isso", disse à Folha a índia Mana Xucuru-Kariri, de Alagoas.
Acompanhados de parlamentares da Comissão de Minorias da Câmara, os índios tentaram falar com FHC. Foram informados pelo chefe do gabinete pessoal da Presidência, José Lucena, que as audiências "devem ser marcadas com 30 dias de antecedência, sem exceção".

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