São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Blitz acontece na madrugada

BETINA BERNARDES; ROGÉRIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A operação começou às 23h de quarta-feira e durou até a 1h50 de ontem, comandada pelo administrador regional da Sé, Victor David, 66. Foram empregados 200 homens e 30 carros da Guarda Civil Metropolitana, 10 fiscais, 60 auxiliares ("rapas") e 25 caminhões.
O objetivo, segundo o administrador, era retirar as barracas do quadrilátero entre os largos São Francisco e São Bento e as ruas Líbero Badaró e 15 de Novembro para recadastrar os ambulantes.
O administrador regional afirmou que há espaço suficiente para todos os marreteiros cadastrados. "Vamos tentar uma solução para quem não tem autorização."
Na blitz, tanto as barracas dos que estavam em situação regular quanto as que não pagam taxa alguma foram retiradas.
"A operação foi um sucesso, porque 80% dos ambulantes retiram espontaneamente suas barracas. Só tivemos que apreender o restante", disse David.
No largo São Francisco, segundo os ambulantes, foram recolhidas 107 barracas. Os fiscais dizem que havia apenas 25.
Os ambulantes reclamavam que não tiveram tempo para guardar suas mercadorias. "Eles foram avisados e sabiam que deviam sair", disse David.
Na rua 15 de Novembro, os ambulantes se reuniram e começaram a gritar palavras de ordem. "Queremos trabalhar", diziam.
Alguns marreteiros tentaram fazer um cordão de isolamento. Os guardas civis intervieram, golpeando com cassetetes. Os marreteiros resistiram. Houve corre-corre, e os policiais tentaram dominar alguns ambulantes.
Gercino Cândido Brasil, 41, foi imobilizado pelo pescoço e jogado no chão. A polícia tentava impedir a aproximação da imprensa.
Brasil e José de Assis Silva, que incitava os marreteiros a reagir, foram colocados em dois veículos da GCM e levados para o 1º DP.
"O tumulto foi grande, e houve resistência dos detidos. Se houve algum excesso, vamos apurar", afirmou Eduardo Anastasi, assessor do comando da GCM.
Depois do tumulto, os camelôs concordaram em sair. O material apreendido lotou 16 caminhões e foi levado para o depósito da Administração Regional da Sé.
"Os produtos foram lacrados e poderão ser retirados pelos ambulantes a partir de sexta (hoje)", informou Victor David.
Cento e cinquenta policiais continuaram no local.
(BB e RSc)

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