São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Mappin e McDonald's têm vidros quebrados

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O período da tarde de ontem concentrou os principais incidentes entre ambulantes, policiais e comerciantes. Entre gritos de "queremos trabalhar", "vamos quebrar tudo" e "fora Maluf", cerca de 1.500 ambulantes fizeram um arrastão à tarde pelo centro.
Durante o trajeto, os camelôs atiraram pedras em vitrines e nos policiais e chutaram portas das lojas.
Quando avistavam alguma loja aberta, os manifestantes corriam em sua direção, gritando "fecha, fecha". O comércio local fechou as portas, com medo de saques.
Armados com revólveres ou com improvisados tacos de beisebol, os comerciantes defendiam suas lojas da ação dos camelôs.
Vitrines do Mappin da praça Ramos foram arrebentadas. Seguranças tentavam evitar a aproximação dos camelôs. Até o Mappin da avenida São João, distante cerca de 1,5 km do centro dos confrontos, também fechou as portas.
Os comerciantes ainda não fizeram um cálculo das perdas, mas a loja de sucos Frutta Bella, por exemplo, que fatura cerca de R$ 3.000 por dia, teve um movimento de apenas R$ 500, segundo o proprietário Delfim Rolan Nunes.
O prejuízo do McDonald's da rua Direita foi além da queda no faturamento. Pedra atirada pelos manifestantes quebrou uma janela de vidro. O gerente Marcelo Wagner iria fazer hoje o balanço das perdas.
Não houve confronto entre os 80 PMs presentes na área e os ambulantes. Os incidentes registrados foram com a Guarda Civil Metropolitana (GCM), responsável por não permitir que os camelôs montassem suas barracas.
"Fizemos, como sempre, uma proteção aos fiscais. Houve tumulto e fomos obrigados a intervir", disse Luiz Gonzaga de Oliveira, coordenador da GCM. Ele negou que tenha havido excesso na atuação dos guardas.
Segundo o inspetor da GCM Carlos Padilha, que chefiou a operação, as ordens do prefeito não eram para que a GCM dispersasse os manifestantes, mas sim que evitasse a montagem das barracas.
"Se fosse para dispersar, já tinha posto todos para correr", disse Padilha. A prefeitura colocou 270 guardas e 30 carros na operação.
O sindicato da economia informal manteve um carro de som no centro o dia todo. Os sindicalistas pediam calma aos manifestantes, mas não eram atendidos. Até as 20h, haviam sido detidas 23 pessoas, nem todas ambulantes. Sem-teto também foram levados à delegacia.

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