São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Grupo gritava de madrugada 'queremos trabalhar'

DA REPORTAGEM LOCAL

Os fiscais saíram da Secretaria das Administrações Regionais, na avenida do Estado, para a blitz no centro às 23h de anteontem. Os homens da GCM se concentraram no vale do Anhangabaú. Depois, se uniram ao resto do comboio.
O grupo se dividiu em dois. Uma parte foi para o largo São Francisco, onde, segundo os ambulantes, foram recolhidas 107 barracas. Os fiscais dizem que havia apenas 25. Ednaldo Miguel de Deus, vendedor de frutas, subiu no caminhão da prefeitura para recuperar sua barraca e foi retirado por policiais.
Os ambulantes reclamavam que não tiveram tempo para guardar suas mercadorias. "Eles foram avisados", disse Victor David, administrador regional da Sé. Do largo, o grupo se juntou a policiais que já se encontravam na rua 15 de Novembro, onde os ambulantes estavam dispostos a resistir.
No momento em que os primeiros guardas civis chegaram, os ambulantes se reuniram e começaram a gritar palavras de ordem. "Queremos trabalhar", diziam.
O clima ficou tenso. O inspetor Padilha, comandante da ação da GCM, tentou negociar com os ambulantes. Diante do impasse, optou-se por esperar o administrador regional para se tentar um acordo.
Quando a segunda parte do comboio chegou ao local, David determinou que as barracas fossem retiradas, dando opção para que os próprios marreteiros o fizessem. Nessa hora, alguns deles tentaram fazer um cordão de isolamento em torno de algumas barracas.
Os guardas civis intervieram, golpeando com cassetetes para abrir espaço. Os marreteiros resistiram. Houve corre-corre e os policiais tentaram dominar alguns ambulantes separadamente. Gercino Cândido Brasil, 41, foi imobilizado pelo pescoço e jogado no chão.
Brasil e José de Assis Silva, 25, que incitava os marreteiros a reagir, foram colocados em dois veículos da GCM e levados para o 1º Distrito Policial.
José Barreto, 37, disse que a polícia espirrou gás lacrimogêneo em seu rosto. "O tumulto foi grande. Se houve excesso, vamos apurar", afirmou Eduardo Anastasi, assessor do comando da GCM. Ele negou que os membros da guarda portassem gás lacrimogêneo. Após o tumulto, os camelôs concordaram em retirar as barracas.

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