São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Usina admite uma possível falha técnica

DA FOLHA NORDESTE; DA SUCURSAL DO RIO

O chefe do departamento de produção da Usina de Furnas, em Alpinópolis (MG), admitiu ontem que o blecaute da última terça-feira, que deixou 20 milhões de pessoas sem energia em quatro Estados e no Distrito Federal, pode ter ocorrido em decorrência de uma falha técnica.
Segundo Armando Cosenza, 47, o dispositivo de segurança que dispara no caso de haver falhas na sala de operações não foi acionado.
O equipamento deveria ter interrompido a reação que provocou a parada total da usina, quando um funcionário cometeu uma falha enquanto realizava um trabalho de manutenção.
O engenheiro responsável pela equipe de operações da Usina de Furnas, Emílio José de Pádua Piantini, 41, afirmou que o setor onde ocorreu a falha é deficiente de sistemas de segurança.
'Risco'
Ele também admitiu que o dispositivo falhou na hora em que os operadores faziam o remanejamento do sistema da usina. "É um trabalho de risco para os operadores. Por isso, é necessário um sistema de segurança adicional, além do dispositivo", disse.
"Se o alarme fosse acionado, o operador teria percebido que a manobra estava incorreta e poderia corrigi-la."
O diretor de Produção e Comercialização de Energia Elétrica de Furnas, Celso Ferreira, negou o problema e disse que está afastada a hipótese uma falha técnica.
Ferreira afirmou que na noite da terça-feira foram feitos testes no dispositivo e não foi encontrado defeito.
Segundo ele, entretanto, já está constatado que o dispositivo não funcionou porque a corrente que passou por ele não foi suficiente para acionar o mecanismo de interrupção do sistema.
Substituição
Se o dispositivo tivesse funcionado, a usina teria parado parcialmente. Ferreira disse que Furnas está examinando se é viável substituir o dispositivo por outro mais sensível para evitar que uma falha humana provoque colapsos no fornecimento de energia elétrica.
O problema, segundo ele, é que a introdução de equipamentos mais sensíveis para evitar falha humana significa colocar mais um ponto de contato entre os componentes da usina, aumentando os riscos de parada por falha técnica.
Celso Ferreira afirmou que a ocorrência de falha humana é tão rara que a análise em andamento pode desaconselhar a introdução de uma mudança que aumente o risco de falha técnica.

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