São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Demissões podem ter gerado defeito

Reestruturação afetou os técnicos, diz físico

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O programa de reestruturação de Furnas -por meio de demissões- pode estar gerando um clima de instabilidade e atrapalhando o trabalho dos técnicos, diz o físico Luiz Pinguelli Rosa.
"Com certeza, as mudanças estão afetando o trabalho dos funcionários, que já trabalham com níveis de exigência grandes", disse Pinguelli Rosa, que também dirige a Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Segundo ele, apesar de "muita gente dizer que os cortes estão fazendo com que os técnicos mais competentes deixem Furnas", é muito cedo para afirmar isso.
O coordenador do Núcleo de Planejamento Energético da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Sergio Bajay, concorda que o programa de reformulação está afetando a qualidade do trabalho dos técnicos.
Segundo ele, o fato de o blecaute ter sido causado por uma falha humana -"que ocorre raramente"- é a prova de que o clima de mudança está atrapalhando. "Se os funcionários estão com medo de ser demitidos ou com medo de outras mudanças, é claro que as chances de haver problemas cresce muito."
Exigências
Pinguelli Rosa afirma que o governo está afrouxando as exigências para privatizar as empresas de energia. Ele dá como exemplo a privatização da Light.
Segundo ele, no anúncio de privatização, o governo quase dobra o número mínimo de cortes de energia permitido por ano.
"Em vez de ficar mais rígido, os parâmetros são afrouxados."
Mas, segundo Pinguelli, esse não é um fator de preocupação, pelo menos em relação às usinas de Furnas, cujo número de cortes é quase zero por ano.

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