São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juro do CDB pós-fixado e Bolsa caem

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas dos CDBs pós-fixados (que sofrem correção pela TR) caíram de 16% ao ano para 14,5%.
Esse foi um dos reflexos no mercado da alteração na fórmula de cálculo da TR (que vai melhorar o rendimento da poupança).
As taxas de juros oscilaram no mercado futuro -já que o redutor da TR sinaliza o ritmo de queda possível para as taxas.
No final do dia, como o CMN optou por um caminho gradual, os juros, que estavam em queda, voltaram ao patamar do dia anterior.
Na área de câmbio, o mercado amanheceu o dia puxando o dólar para cima e apostando em nova mexida na minibanda -o que não ocorreu. Resultado: as cotações caíram tanto no comercial (exportações e importações) como no mercado futuro.
A Bolsa paulista fechou em baixa de 1,17%, afetada por nova alta dos juros nos EUA e pelo adiamento das votações da Lei de patentes e dos destaques da Previdência.
Mas ações do BB voltaram a subir. As preferenciais (que não dão direito a voto) valorizaram 4,7% e as ordinárias (que dão), 2,5%.
A alta é o resultado do que os analistas de mercado chamam de operação "chapa branca". Ou seja, BNDES, BB e a Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) estão comprando as ações para puxar as cotações. O efeito prático da operação é a estatização das ações do BB.
Antes do pacote de capitalização (que vai cobrir rombos), 55,3% do total de ações (preferenciais e ordinárias) do banco estavam na mão de minoritários -sendo 21% com estrangeiros.
Agora, para que a participação dos minoritários fosse mantida, eles teriam que adquirir mais ações, na razão de seis novas para uma antiga.
O problema é que a nova emissão vai ser negociada com o preço já fixado de R$ 13,00 -apesar da operação "chapa branca", no mercado o valor é de R$ 10,00.
Logo, mesmo que nenhum dos minoritários vendesse suas atuais ações, (apenas não comprasse mais) sua participação no total já seria reduzida para 8%.
Mas o fato é que, na avaliação dos analistas, as ações deveriam estar valendo ao redor de R$ 7,50.
Se existe um sujeito disposto a pagar R$ 10,00 por uma coisa que vale R$ 7,5, acaba comprando mesmo. É o que está acontecendo.

Texto Anterior: BNDES estuda novos créditos às micros
Próximo Texto: Malan e Serra limitam alta de preço a 9%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.