São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Óculos sem receita; Solidariedade; Protesto; Postura; Moderno; Jogo de palavras; Jeca Tatu; Conforto

Óculos sem receita
"Foi muito bom que a Folha tenha noticiado a respeito da liminar da Justiça Federal anulando a portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) do MS que autorizava a venda de óculos para vista cansada sem receita médica.
Lamentamos que a Folha não tenha dado à notícia da liminar suspensiva o mesmo destaque que deu à campanha pró-venda que um dos seus, o jornalista Gilberto Dimenstein, desencadeou em suas páginas entre março e abril de 1994.
Campanha mais contra nós, oftalmologistas, que defendíamos (e defendemos) a prática mais saudável para o paciente que é a de ter a sua receita de óculos após uma consulta com o especialista.
O jornalista Dimenstein defendeu, com inusitado vigor, exclusivamente o interesse de comerciantes e de ópticos. Vender óculos em botecos, como querem a SVS e o jornalista, pode parecer um avanço, mas é um retrocesso.
Mesmo que essa prática tenha o aval dos Estados Unidos da América. Ou ainda estamos naquela de que tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil?"
Elisabeto Ribeiro Gonçalves, presidente da Associação dos Médicos Oftalmologistas de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

Resposta do jornalista Gilberto Dimenstein - Defendi e defendo por um simples motivo: significa uma economia para os mais pobres que necessitam de óculos e sofrem de vista cansada, gente que, na prática, é cega. De fato, nesse caso, levo em conta o aval dos Estados Unidos, onde o médico e os remédios são controlados e punidos com muito mais rigor. Tenho horror a comportamento colonizado e servil, mas considero que, infelizmente, o Brasil e, muito menos, os médicos brasileiros, não estão aptos a dar lições de direitos do consumidor aos americanos. Ao contrário, temos de aprender.

Solidariedade
"Muito me espanta a longa carta do sr. Newton Cardoso. Quero prestar minha solidariedade ao excelente Clóvis Rossi.
Nesse embate entre o jornalista e o político não dá pra não crer no Rossi nem serão palavras doces que me farão acreditar na consciência tranquila desse sr. Cardoso.
Ele fez a cama, que deite nela!"
Marden Cicarelli Pinheiro (São Paulo, SP)

Protesto
"A notícia de hoje sobre a festa de aniversário da neta do presidente me deixou revoltado.
O objetivo do seu título e o tom destrutivo da reportagem escapam à minha compreensão.
Escondido no meio do texto aparece que o pequeno conjunto musical contratado pelos Cardoso trabalha regularmente em festas de crianças, do mesmo jeito que também trabalha numa casa noturna.
Dar um tom escandaloso à presença dos músicos na festa da família do presidente só teria sentido se o objetivo da Folha fosse ofender uma menina de 7 anos, os seus pais e os seus avós ilustres, procurando conspurcar e desmoralizar, sem qualquer base, um aniversário de criança.
Ouvi hoje, de respeitáveis pais e mães de família, palavras de indignação com a reportagem escandalosa que a Folha colocou na sua página de política.
Sei, pois, que não estou sozinho quando dirijo à Folha, como seu leitor de muitos anos, o meu mais veemente protesto."
Apolônio Sales Filho (São Paulo, SP)

Postura
"Gostaria de indagar qual é a postura da Folha quando lhe dirigem críticas ou contestam suas informações. Ela não as admite. Não aceita, também, que se apontem eventuais falhas e erros.
No caso mais recente da implantação do projeto 'cor total' e de reformulação gráfica há um desrespeito a seus leitores. Por acaso fomos consultados para saber se desejávamos mudanças e que cadernos fossem alterados, fundidos ou extintos?
Há um outro problema, igualmente grave. Trata-se da censura. Quando a crítica é amena o jornal a publica para legitimar sua postura pseudodemocrática. Porém, quando ela é dura, corta.
Tenho a impressão que isso aconteceu comigo duas vezes. A primeira, no dia 23/1, quando enviei uma carta de solidariedade a três leitoras que protestaram quando o presidente FHC esteve no Centro Tecnológico Gráfico-Folha para sua inauguração.
A segunda: no dia 11/3 enviei por fax uma carta criticando duramente a Folha e acusando-a de incompetência no gerenciamento do projeto 'cor total', já que a empresa que a edita poderia ter previsto tais problemas e elaborado um plano mais realista, factível.
É importante observar que, devido a essa falha, o jornal perdeu ainda mais crédito, de modo que isso o descredenciaria a cobrar eficiência de outros setores, especialmente do governo.
Não é à toa que a imprensa no Brasil, hoje, é considerada a principal aliada do governo. Sua subserviência é vergonhosa. Seu descrédito talvez seja o maior em todos os tempos."
Roberto C. Massei (Ourinhos, SP)

Moderno
"Manifesto apoio ao artigo de Janio de Freitas de 27/3, que trata do fisiologismo no Congresso. Moderno hoje no Brasil não é a globalização, a privatização e que tais.
Moderno, antes de tudo, é a exigência da ética e da transparência, que em muito contribuirão para evoluirmos e para diminuir nossas desigualdades."
Jorge Luis Numa Abrahão, coordenador da Cives -Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (São Paulo, SP)

Jogo de palavras
"O otimista pode não ser uma pessoa alienada ou portadora de ciclotimia e ter a reflexão como subsídio para assumir uma postura ativa e confiante frente aos problemas humanos.
Ela não está impedida de ser cautelosa no seu ponto de vista e na sua ação.
O pessimista, entretanto, dificilmente deixará de ser uma pessoa amarga.
Otavio Frias Filho: procure não usar jogo de palavras para justificar uma posição. Antes, observe que as duas posturas -otimista, pessimista- não são necessariamente excludentes."
Maria José Gonçalves Miele (São Paulo, SP)

Jeca Tatu
"Mesmo sem me considerar um legítimo Jeca Tatu, devo confessar que me senti pessoalmente atingido pelo artigo de Marilene Felinto de 12/3.
Não quero revidar apontando algum defeito de comportamento de outras regiões, peço apenas alguma polidez quando o ataque for tão genérico.
Vale lembrar que, por falta de compreensão das diferenças culturais, muitos povos se matam há séculos. Duvido que esse meu protesto seja publicado, mas tenho que escrevê-lo porque existe uma vozinha me impulsionando.
Deve ser algum coronel que, em espírito, vem me sussurrar ao ouvido: dê uma resposta a essa desaforada!"
Marlo Russo (Franca, SP)

Conforto
"Gostaria de parabenizá-los pela publicação do artigo 'Conforto depende do acabamento', de autoria do arquiteto Rogério Batagliese (4/2)."
Marcos de Azevedo Souza, sócio-diretor da Saturno -Planejamento Arquitetura Consultoria (São Paulo, SP)

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