São Paulo, sábado, 30 de março de 1996 |
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Maluf articula oposição à proposta de reeleição-já
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Um dos supostos beneficiários da estratégia da reeleição-já, o prefeito paulistano telefonou para seu colega carioca, César Maia, pedindo ajuda para bombardear a proposta -segundo apurou a Folha. Na interpretação que o pepebista expôs ao prefeito do Rio, o Palácio do Planalto não tem intenção real de aprovar a reeleição também para prefeitos e governadores. Para Maluf, FHC usaria o apoio do PPB para aprovar logo o projeto de emenda constitucional na Câmara e depois pararia o processo. Quando o projeto chegasse ao Senado, onde a oposição à reeleição é maior, ficaria parado até não haver mais tempo hábil para contemplar os atuais prefeitos. O Planalto só voltaria à carga em 97 e limitaria o direito de reeleição ao presidente. Como Menem Essa estratégia é conhecida como tática argentina. Foi usada com sucesso pelo presidente Carlos Menem para arrancar o direito à reeleição do Congresso argentino. A reação de Maluf se opõe frontalmente à versão vazada pelo governo federal de que estava tomando a iniciativa por pressão dos prefeitos das capitais. Outro dos supostos líderes do movimento, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PDT), ficou sabendo da articulação pelos jornais. César Maia ouviu Maluf e ficou de consultar a direção do PFL antes de dar uma resposta. Os pefelistas são fundamentais para o êxito da reeleição-já. Indicarão a relatoria da emenda na Câmara. A figura do relator é chave no processo de tramitação: ele pode incluir ou suprimir trechos da emenda e determinar pontos vitais como o prazo de desincompatibilização do presidente. O PFL só deve indicar o nome do relator depois de receber um sinal claro de FHC de que ele quer deslanchar a votação da emenda. O partido não vai assumir a responsabilidade sem aval do Planalto. Só em 97 Caso a emenda sofra algum revés no Congresso, o PFL quer ter o respaldo de que a iniciativa de votá-la ainda este ano foi do governo. O partido já manifestou preferência por votá-la apenas em 97. Na Câmara, os pefelistas brincam que têm dois nomes cotados para a relatoria: Zequinha Sarney (MA) e Raul Belém (MG). Os dois ficariam contra a tese por serem ligados a dois presidenciáveis: José Sarney e Itamar Franco, respectivamente. A brincadeira tem um fundo de verdade. O PFL só tem dois governadores e prefere adiar a reeleição para que ela só valha para presidente. Assim, teria mais chances, em 98, de quebrar a hegemonia do PMDB e do PSDB no número de governos estaduais. No PMDB a tese da reeleição sofre resistência natural: parte de seus líderes, como Sarney e Quércia, são contra a idéia. Para piorar, o Planalto deflagrou o processo de reeleição sem se articular com os aliados do partido no Senado. Um dos aliados de FHC para enfrentar Sarney, o senador Íris Rezende (PMDB-GO), não foi consultado sobre a viabilidade da idéia. Não foram contados os votos com os quais FHC poderia contar na bancada do PMDB no Senado. Texto Anterior: Austeridade alagoana Próximo Texto: Serra atua na campanha de tucano em SP Índice |
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