São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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PAS transfere 200 médicos de novo

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 200 médicos, segundo o CRM (Conselho Regional de Medicina), serão transferidos pela segunda vez desde que o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) foi implantado, em 1º de janeiro.
A remoção deve começar na próxima terça-feira, quando o plano será implantado na zona leste. Até agora, o PAS já foi instalado nos hospitais da região de Pirituba (zona norte) e central.
O plano transfere a administração dos hospitais municipais para cooperativas de médicos, que passam a receber R$ 10 por mês, de acordo com o número de pacientes cadastrados.
Os médicos não são forçados a aderir ao plano, mas são removidos para hospitais onde o plano não foi implantado.
Se a estimativa do CRM estiver certa e admitindo que todos se recusarão em aderir ao plano pela segunda vez, 221 médicos vão mudar o local de trabalho de novo em menos de três meses.
A pediatra Neiva Damaceno é um exemplo do vai-e-vem a que os médicos que não aderiram ao plano têm sido submetidos. Nos últimos cinco anos ela trabalhou no hospital Menino Jesus (região central).
Em fevereiro, ela foi transferida para um pronto-socorro de Santo Amaro. Mesmo sem data para ser transferida pela 2ª vez, Neiva sabe que a mudança não está longe. "Minha vida está totalmente desestruturada. Não sei o que vai acontecer amanhã."
A médica M., que prefere não ser identificada com medo de represália, trabalha em um hospital da zona leste, e diz que espera sua segunda transferência do ano.
"Não aguento mais isso. A partir de terça-feira começo a olhar o 'Diário Oficial' todo dia para saber para onde vou."

A Associação Paulista de Medicina e o Sindicato dos Médicos de São Paulo promovem, a partir das 9h30, uma carreata para protestar contra o PAS. A saída será em frente ao prédio da Câmara Municipal.

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