São Paulo, sábado, 30 de março de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Déficit comercial dos EUA tem aumento de 47,2% em janeiro
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O aumento interrompeu tendência de seis meses de aparente redução do problema crônico do comércio dos EUA com outros países. O déficit de US$ 1,2 bilhões de janeiro foi o maior desde julho de 1995. A previsão consensual de analistas econômicos é de que a situação da balança comercial norte-americana não vai melhorar muito este ano, o que pode constituir grave problema político para o presidente Clinton. Os oponentes de Clinton na eleição presidencial de 5 de novembro (o senador Bob Dole e talvez o empresário Ross Perot) com certeza vão atacá-lo por não ter tido êxito em ponto essencial de sua agenda. Perot, um adversário histórico do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) será especialmente incisivo, já que o déficit dos EUA com Canadá e México, seus parceiros no Nafta, aumentou. Petróleo e carros Os principais itens que provocaram crescimento nas importações foram: petróleo (o preço médio do barril subiu de US$ 15,86 para US$ 16,45 e o consumo aumento por causa do frio) e automóveis. Uma greve em dezembro na Boeing, a maior indústria de aviação civil dos EUA, levou as exportações de aviões norte-americanos ao seu índice mais baixo em 18 anos, o que ajuda a explicar o tamanho do déficit de janeiro. Como a economia doméstica vai bem nos EUA e a dos outros grandes países industriais do mundo nem tanto, a tendência é de que o déficit norte-americano se manterá por pelo menos algum tempo. O governo Clinton tentou ontem acalmar o público. O responsável pelo comércio exterior, Mickey Kantor, mostrou que numa comparação com janeiro de 1995, as exportações subiram mais (9%) do que as importações (6%). Kantor argumentou também que o tamanho do déficit em janeiro é em parte sazonal (o frio nessa época sempre provoca aumento de consumo de combustíveis) e em parte produto de circunstâncias excepcionais. Ele disse que em todos os anos o déficit comercial assusta o país em janeiro, mas depois diminui. Embora isso tenha ocorrido no ano passado, o déficit total em 1995 foi de US$ 111,4 bilhões, o maior desde 1988. O Japão continua sendo a maior fonte do déficit dos EUA (US$ 3,7 bilhões), seguido por China (US$ 2,7 bilhões), Canadá (US$ 2 bilhões) e México (US$ 1,2 bilhão). O Brasil passou para o quarto lugar entre os países com quem os EUA têm superávit em sua balança comercial. O maior superávit norte-americano foi com a Austrália (US$ 749 milhões), seguida pelo Reino Unido (US$ 154 milhões), África do Sul (US$ 120 milhões) e Brasil (US$ 71 milhões). Texto Anterior: British Telecom e C&W armam fusão Próximo Texto: Contrato da BM&F bate Bolsa de Chicago Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |