São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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Nick Cave radicaliza horror em 'baladas de assassinato'

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

"Murder Ballads" é a peça mais radical da carreira discográfica de Nick Cave. O artista -que morou em São Paulo entre 90 e 93-, já no décimo álbum com seu grupo The Bad Seeds, dá sequência a uma discografia em que predominam temas como crueldade, solidão, loucura e religiosidade atormentada.
Diferente dos outros, porém, "Murder Ballads" limita-se ao relato objetivo e seco da ação de serial killers que vão de bêbados pervertidos a doces garotas adolescentes, deixando à parte as tormentas de fundo cristão e/ou existencial.
No Brasil, a Warner ainda não definiu data de lançamento; por enquanto, só nas importadoras.
Nick e os Bad Seeds não estão sozinhos no disco. "Song of Joy", por exemplo, inclui excertos do "Paraíso Perdido" do poeta inglês John Milton (1608-1674).
Mais pop é "Henry Lee", em que Nick encontra sua gêmea musical PJ Harvey. A capa do single da música consuma a identidade: góticos, Nick e PJ beijam-se na boca.
Mais pop ainda é "Where the Wild Horses Grow". O dueto aqui é com a conterrânea Kylie Minogue, uma espécie de Angélica australiana. Também lançada em single, tem capa mais ousada: Kylie bóia morta num riacho, Nick está imóvel, de cócoras, à beira.
Em "Stagger Lee" e "Henry Lee", Nick aproveita e adapta -em tons macabros- temas musicais da tradição popular.
"Death Is Not the End" é o fecho de ouro: a canção, da veia cristã de Bob Dylan, é interpretada em coro por Nick, PJ Harvey, Kylie Minogue, Shane MacGowan (dos Pogues) e alguns Bad Seeds.
Moral da faixa de encerramento: a morte não é o fim.

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