São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Depressão atinge 2% dos idosos

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desânimo, isolamento, memória ruim e queixas frequentes de dor e mal-estar são sinais de que um idoso pode estar deprimido.
A depressão atinge cerca de 2% da população com idade superior a 65 anos. Os sintomas se instalam de maneira gradual e acabam sendo considerados pelos familiares como fenômenos "naturais".
Por isso, é comum que os idosos cheguem aos especialistas com uma história de vários anos de limitações e sofrimento.
A idade não é um limite para o tratamento da depressão. Um idoso de 85 anos que está deprimido há poucos meses pode melhorar muito mais rápido do que alguém com 65 anos que está deprimido há vários anos.
Com o auxílio de uma psicoterapia e de tratamento clínico (uso de medicação), o quadro pode ser revertido e o idoso volta a ser uma pessoa alegre e produtiva.
A psicóloga Ana Fraiman explica que uma série de situações comuns nessa faixa etária contribui para a depressão. Morte de amigos e parentes, casamentos desfeitos dos filhos e afastamento dos netos são alguns exemplos.
Segundo Ana, a queda no nível econômico e o isolamento social também contribuem para um agravamento da situação.
Pessoas que suportaram, durante muitos anos, situações adversas como um casamento de má qualidade ou uma grande insatisfação profissional podem acabar causando depressão na terceira idade.
Para Ana, esse processo é desencadeado pelo confronto com a idéia de morte e por uma espécie de balanço do que foi feito na vida.
Os idosos se sentem "pressionados" a resolver seus conflitos e, muitas vezes, não conseguem fazer isso sem a ajuda de um profissional especializado.
A depressão na terceira idade pode ter uma forma de expressão diferente da doença em outras fases da vida (veja quadro ao lado).
Sintomas físicos
A somatização (presença de sintomas físicos) é frequente. Os sintomas mais comuns são dores em diversas partes do corpo, insônia, fadiga, mal-estar, problemas digestivos e ansiedade.
A família acaba encarando o desânimo como uma consequência dos sintomas físicos, quando o que ocorre é o contrário.
O psiquiatra Ricardo Moreno, coordenador do Gruda -Grupo de Estudo das Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo)-, explica que a distimia é uma das formas mais comuns de depressão na terceira idade.
A distimia é uma depressão intermitente, arrastada e que tem uma intensidade mais leve.
A participação da família é fundamental no tratamento dos idosos. O psiquiatra, o psicólogo e os familiares devem evitar uma relação em que o idoso se sinta emocionalmente dependente.

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