São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Proer: ralo de bilhões

MARCOS CINTRA

É espantosa a rapidez com que o governo desembolsa somas astronômicas, a pretexto de salvar a credibilidade do sistema financeiro. Não há números precisos. Mas fala-se em cerca de R$ 15 bilhões o total envolvido nos casos Econômico, Nacional e Banespa.
Essa presteza dá a impressão de que as autoridades estão apavoradas diante de um buraco cujo tamanho desconhecem, denotando descontrole da situação. Não se tem notícia, no mundo, de uma operação dessas. Por muito menos, cerca de US$ 1 bi, a Inglaterra deixou quebrar o Barings.
O que surpreende, ainda, é a alegação falaciosa do governo de que nas operações de salvamento ao amparo do Proer ele não está gastando sequer um tostão, porquanto os recursos vêm do compulsório bancário.
Ora, qualquer dinheiro que entra, impositivamente, nos cofres do governo configura um imposto. O compulsório é instrumento de política monetária que tem um custo suportado pelo contribuinte.
Seria a mesma coisa se o governo resolvesse usar contribuições sociais para financiar jatinhos executivos para os empresários, dizendo que tais recursos foram, originalmente, também supridos por eles, e que esse desvio não implicaria qualquer sacrifício para a sociedade em saúde, educação...
A CPI dos bancos, ao que parece, não está morta. Pesquisas mostram que a sociedade quer a apuração dos fatos e a punição dos culpados. Então, está na hora de o governo abandonar sua postura hesitante, defensiva, e deixar que venham as explicações. O que não pode é a sociedade ficar, mais uma vez, com a sensação de estar sendo enganada.

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