São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Liquidado outro banco no Japão

Aumenta desconfiança

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Foi declarado insolvente, ontem, o banco japonês Taiheiyo Bank, de Tóquio, que tinha depósitos de 560 bilhões de ienes (o equivalente a US$ 5,33 bilhões).
A declaração de insolvência foi feita pelo próprio presidente do banco, Hitoshi Shida.
Quatro dos maiores bancos japoneses -Sakura, Fuji, Tokai e Sanwa- anunciaram que vai colaborar no processo de liquidação do Taiheiyo Bank, garantindo os recursos dos depositantes.
Para poder atender a uma eventual corrida dos depositantes nos próximos dias, os quatro bancos pediram US$ 572 milhões a uma entidade de seguros aos depósitos, mantida pelo sistema bancário para casos de emergência.
Esses quatro bancos tinham uma participação acionária de 5% no Taiheiyo. Esse percentual é o máximo permitido pela legislação do país para a participação de um banco no capital do outro.
O banco central japonês também deverá criar uma linha especial de crédito para fazer frente a uma possível retirada em massa de fundos pelos depositantes.
Créditos imobiliários
A insolvência do Taiheiyo é o segundo caso grave envolvendo um banco japonês desde a bancarrota do Hyogo Bank, com sede em Kobe, em meados do ano passado.
A crise do sistema financeiro japonês foi desencadeada pelo aumento nas insolvências dos tomadores de financiamentos, especialmente do setor imobiliário.
Nos últimos meses, o governo foi obrigado a decretar a liquidação de várias pequenas cooperativas de crédito, com atuação apenas em uma determinada região.
A liquidação do Taiheiyo foi pedida pelo Ministério das Finanças e pelo banco central do Japão diante da sua situação de insolvência.
O passivo do banco era de US$ 1,24 bilhão e o total de créditos de difícil liquidação, de US$ 1,62 bilhão. O anúncio de problemas com mais um banco poderá aprofundar a crise de desconfiança em relação ao sistema financeiro japonês.
O governo tem tentado evitar essa crise com um plano que está analisado pelo Parlamento há três semanas, causando polêmica.
O programa prevê a dotação de US$ 6,85 bilhões do erário público para liquidar mais sete bancos hipotecários, também insolventes.
As dificuldades do Taiheiyo iniciaram-se no final dos anos 80, quando concedeu volumosos empréstimos para o setor imobiliário sem as devidas garantias.
Para uma empresa do setor imobiliário, Mogami Losan, foram concedidos financiamentos totalizando US$ 952 milhões, que se revelaram irrecuperáveis.
Como outras companhias do setor, a Mogami Losan foi muito afetada pela queda nos preços dos terrenos e dos imóveis desde 91.
Um programa de recuperação do Taiheiyo foi iniciado em 95, com a ajuda do Sakura Bank, sem grande efeito junto aos depositantes.
Entre julho e dezembro, os depósitos no Taiheiyo caíram 14%.

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