São Paulo, domingo, 31 de março de 1996 |
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Seleção volta a incorporar o espírito de Dunga
ALBERTO HELENA JR.
Houve até quem visse no placar extravagante a imagem da seleção de Zagallo mixando-se com a do Palmeiras arrasador de Luxemburgo, ainda mais pela presença hegemônica de craques palestrinos com a camisa do time brasileiro, na noite de quarta-feira. Zagallo, porém, tratou de jogar água fria na fervura: ao pisar em Atlanta, a seleção reincorpora o espírito de Dunga, mesmo que o capitão da Copa de 94 lá não esteja. Isto é: voltaremos ao futebol de resultados, aquele que tem como princípio básico ganhar, mesmo jogando feio. Quer dizer: esse Palmeiras implacável e estonteante, que tão bem combina aos seus pés eficiência e espetáculo, com gols em profusão, não serve de parâmetro. Afinal, ainda não levantou taça nenhuma. Eis o tipo de argumento irrefutável, não? Em termos, posto que, se históricos esquadrões dessa estirpe, como o Brasil de 50 e de 82, a Hungria de 54, a Holanda de 74 etc. não meteram a mão na taça, o Santos de Pelé, o Brasil de 58 e de 70, o Flamengo de Zico e Cláudio Coutinho, o tricolor de Telê celebraram as maiores conquistas, e a Alemanha de Beckenbauer, por duas vezes, fartou-se das maiores conquistas. * Outra de Zagallo: como o elenco da Olimpíada se resume a 18 jogadores, a versatilidade será item fundamental. Nesse caso -em nome da coerência e da lógica-, entre os três acima de 23 anos, o único que deveria ter lugar cativo seria o fenomenal Cafu. Mais curinga, impossível. Faz, com um pé nas costas, as funções de lateral, volante e até ponta-de-lança, melhor do que qualquer dos que lá estão. Temos, além de André Santos -nas quatro posições da zaga e na cabeça-de-área-, Amoroso, pelo visto já recuperado, para cumprir tanto o papel de Juninho quanto o de Luizão ou Ronaldinho. Trata-se de uma simples questão de bom senso e justiça. * Não falo desse Corinthians que volta a campo hoje apenas para cumprir tabela no primeiro turno do Campeonato Paulista. Falo daquele força total, que tem todos os sentidos voltados para a Libertadores e que jogou contra o Universidad Católica na noite de sexta. Esse, apesar da vitória, até agora não me convenceu. É verdade que aplicou uma goleada humilhante sobre o tricolor, pelo Paulista, há alguns domingos, e que deu uma virada heróica sobre o mesmo Universidad lá em Santiago, sob intensa pressão. Mas, espremendo, espremendo, o que temos? Uma arrancada de Edmundo aqui, um disparo mortífero de Marcelinho ali, mais adiante, um gingado de Leonardo... e só. É pouco para um time que sonha com o título mundial. Quer dizer: até pode chegar lá, com esse futebol cinzento, animado tão somente pelo apoio da Fiel ou pelo fulgor intermitente de dois ou três craques. Mas duvido. Próximo Texto: Filho varão Índice |
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