São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Novos de um dormitório são raros em SP

RODRIGO AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Casais que estão começando sua vida em comum e pessoas solteiras que querem viver sozinhas em São Paulo encontram dificuldades para arranjar um imóvel para morar.
São as pessoas que, em geral, precisam comprar ou alugar um imóvel de um quarto -o segmento em que construtoras e incorporadoras menos investem atualmente.
Em 95, foram lançadas 1.600 unidades do antigo quarto-e-sala na capital paulista, segundo o Secovi-SP (sindicato patronal de construtoras e imobiliárias).
Isso representa apenas 6,8% do total de imóveis lançados no ano. Em 94, o resultado foi ainda inferior: 1.400 unidades lançadas, ou 5,9% do total. Ao mesmo tempo, trata-se de um tipo de imóvel que tem muita procura.
Em dezembro, por exemplo, a velocidade de vendas dos apartamentos de um quarto foi superior a 10%, enquanto a de outros tipos não chegou a 5%, segundo o Secovi-SP. A velocidade de vendas é o número de imóveis vendidos para cada cem ofertados.
Custos altos
Esse tipo de imóvel é pouco atraente para as construtoras e imobiliárias devido ao alto custo de construção envolvido.
"O preço do m² de um edifício com apartamentos de um dormitório é bastante superior ao de outro com dois ou três quartos", diz Roberto Capuano, presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-SP).
O motivo é que o edifício demanda a realização de obras, como passagens para sistema elétrico, de água e gás, para um número bem maior de apartamentos.
Por isso, Capuano acha que esse tipo de imóvel deve deixar de ser lançado em regiões centrais e migrar para bairros onde os terrenos são mais baratos.
É uma alternativa que algumas empresas já estão seguindo. A construtora Borriello lançou dois imóveis com apartamentos de um quarto na zona norte.
"A região quase não tinha esse tipo de imóvel, e, por isso, os dois edifícios foram bem recebidos", diz Mário Borriello, dono.
Investimento
Capuano aponta ainda um outro motivo para o sumiço dos apartamentos de um dormitório: a falta da figura do investidor em imóveis.
"O comprador de apartamentos para alugar sempre teve nos de um dormitório uma opção de alta liquidez", afirma.
Com a estabilidade da economia, a rentabilidade do aluguel volta a se tornar mais atraente.
Sílvio Bussab, diretor da Boghosian, conta que investidores compraram até dez unidades de um quarto no edifício Double Tree Park, lançado pela construtora nas proximidades da avenida Paulista.

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