São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Oposição lança manifesto contra o euro

IGOR GIELOW
DE LONDRES

A crise da carne acirrou o ânimo dos políticos contrários à integração européia no Reino Unido e uniu setores do governo e da oposição britânicos.
Na quinta-feira, um grupo de 50 dos 270 deputados trabalhistas lançou um manifesto contra a moeda única européia, o euro.
Segundo as metas do Tratado de Maastricht, a moeda única será implantada em 1999 e deve começar a circular a partir de 2002.
Os trabalhistas, oposição ao governo do Partido Conservador, do primeiro-ministro do Reino Unido, John Major, são tradicionalmente favoráveis à UE.
Entre os princípios do documento encaminhado pelos parlamentares trabalhistas está uma crítica direta ao tratamento dado pelos países europeus ao banir a carne britânica.
O manifesto foi lançado um dia depois do anúncio, pelo líder trabalhista Tony Blair, de que todas as políticas que ele irá defender na eleição geral de 1997 serão submetidas a uma consulta entre os 350 mil membros de seu partido.
O objetivo da consulta é dar legitimação à plataforma de Blair, líder das pesquisas de opinião sobre a sucessão de John Major no cargo de primeiro-ministro.
"Obviamente, muito terá que ser reavaliado nas políticas partidárias", disse o professor Michael Hodges, da London School of Economics and Political Science.
Situação
As perspectivas não parecem ser melhores entre os próprios integrantes do Partido Conservador.
Na década de 80, sob a liderança da primeira-ministra Margaret Thatcher, o governo conservador firmou posição contrária à União Européia. Thatcher era favorável a um sistema de parceria entre os países europeus.
O Reino Unido, signatário do Tratado de Maastricht, não quis se comprometer com a meta de moeda única em um primeiro momento, em 1991.
No ano seguinte, já sob o comando de John Major, o governo britânico adotou uma postura mais "européia".
Agora, com o veto às exportações de carne britânica, que somam US$ 830 milhões anuais, os conservadores reagiram.
"O jeito como eles nos trataram nessa crise da carne prova a inconsistência da União Européia", disse o líder "eurocético" conservador britânico Bill Cash.

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