São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Sucessão familiar deve ser planejada

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Pai rico, filho nobre e neto pobre." Se você não quer que essa seja a moral da sua empresa familiar, não deixe para resolver amanhã o processo de sucessão do seu negócio.
Uma empresa familiar é dirigida pelos membros de uma ou mais famílias. Ela se difere das empresa comum por alguns problemas específicos que enfrenta.
O binômio família-negócios propicia conflitos na tomada de decisões, na escolha de administradores e no emprego e promoção de parentes por critérios subjetivos, afirma Eliane Toccheto, 26, consultora de Trevisan Associados.
Essas complicações fazem com que, apesar de serem maioria, as empresas familiares sejam consideradas negócios frágeis.
Segundo João Bosco Lodi, consultor da área de sucessão, as empresas familiares duram 24 anos, em média, no Primeiro Mundo, enquanto as públicas, 45 anos.
A sucessão, normalmente, é acompanhada de vários problemas. O maior deles é que o patriarca deixa para escolher seu sucessor sempre no último minuto.
"O pai precisa delegar poderes para o filho, caso contrário, ele morre, e o filho não sabe como administrar a empresa", diz Luis Carlos Basffini, 38, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Apesar de delicado, quanto antes resolvido o problema, melhor -já que por trás da sucessão está um longo processo de adaptação.
Profissionalização
Segundo o consultor Luis Marins Filho, o ideal é que os familiares discutam quem é mais apto para assumir, não empurrando quem não tem vocação para o negócio. "Deve-se escolher pela razão, e não pelo sentimento."
Para ele, o ideal seria que, na sucessão, a família optasse por uma profissionalização da empresa.
Segundo Eliane, como um empreendimento familiar representa um enorme investimento de capital e tempo, a sucessão deve ser vista como uma circunstância que agregue mais valor, oportunidade de crescimento e diversificação.
Para arcar com todas as responsabilidades e expectativas, o escolhido deve ser bem treinado.
Na opinião de Edna Lodi, consultora de empresas, o herdeiro deve conhecer técnicas administrativas, reengenharia, além de ter liderança e capacidade decisória.
É fundamental que o filho trabalhe um tempo longe do pai. E também que, ao assumir o comando da empresa que vai herdar, conheça-a bem, além de suas responsabilidades, funções, qualidades e defeitos.
Para os consultores, um bom caminho é que o sucessor "começe por baixo", em cargos diversificados, com menos responsabilidade.
Herbert André Hoinkis, 25, diretor-industrial do Café Seleto, entrou na empresa aos 18 anos e foi trainee por três anos.
"Passei por todas as áreas da empresa. Agora, quando tenho que tomar uma decisão, tenho base para conversar com os funcionários", afirma o empresário.

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