São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Emenda corta recursos das estâncias

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Emenda do governador Mário Covas (PSDB) em tramitação na Assembléia Legislativa ameaça retirar dos 51 municípios considerados estâncias no Estado de São Paulo uma verba anual estimada em R$ 160 milhões.
Segundo o secretário de Esportes e Turismo, Marcelo Gonçalves, essa é a quantia que o Estado deixou de pagar em 95 às estâncias por não cumprir o 2º parágrafo do artigo 146 da Constituição Estadual.
O parágrafo determina que o Estado aplique nas estâncias o equivalente a 100% da arrecadação tributária municipal do ano anterior. A emenda do governador tira o parágrafo do texto da Constituição.
Os municípios classificados como estâncias são os principais pólos de atração turística do Estado.
"As estâncias têm gastos adicionais com o turismo e em alguns casos são impedidas de ter indústrias", afirmou Lázaro Piunti (PSDB), prefeito de Itu e presidente da Aprecesp (Associação dos Prefeitos das Cidades-Estâncias do Estado de São Paulo).
Em 94, as 51 estâncias tiveram arrecadação municipal de cerca de R$ 160 milhões e o governo teria de investir nessas cidades a mesma quantia em obras e eventos.
Gonçalves diz que é impossível cumprir a lei. "O Estado não tem recursos." Ele afirma que a lei não é cumprida desde o governo de Luiz Antonio Fleury (PMDB), quando foi regulamentada.
O diretor do Dade (Departamento de Apoio e Desenvolvimento das Estâncias) no governo Fleury, Antonio Carlos Pereira, disse que o governo chegou a investir em algumas estâncias, mas reconhece que a maioria ficou sem o benefício.
"Na época, havia inflação e era muito mais difícil a aprovação das obras porque os preços se alteravam muito e precisavam ser sempre revistos", disse.
Os prefeitos que integram a Aprecesp são contra a emenda do governador Mário Covas e querem um projeto alternativo. Na última quarta-feira, prefeitos e representantes das 51 estâncias se reuniram com o secretário Marcelo Gonçalves para discutir uma solução.
A deputada Maria do Carmo Piunti (PSDB) propôs um aumento de 1% na alíquota do ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços) das cervejas.
Pela proposta, o adicional de imposto seria repassado aos municípios para compensar a extinção do segundo parágrafo do artigo 146.

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