São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Até invalidez revela contrastes

DA REPORTAGEM LOCAL

Não são somente os carros de corrida que diferenciam o mundo da Fórmula 1 do Terceiro Mundo ao redor do autódromo.
Odair, 22, acordou às 6h ontem para vender refrigerantes do lado de fora de Interlagos. Ele tem de ser ajudado pelo sobrinho Felipe, 7, já que não pode andar. Teve meningite aos 3 meses de idade.
Numa cadeira de rodas precária, Odair leva o isopor. Só tinha vendido duas latas até o meio-dia.
Em março de 1986, Frank Williams se acidentou de carro. Desde então, usa uma sofisticada cadeira de rodas que permite a ele continuar comandando sua equipe, a mais rica da F-1, em que corre Damon Hill, vencedor da prova de ontem.
Odair esperava vender 20 latas de refrigerante, a R$ 1,00 cada. "Acho que dá pra faturar uns R$ 40,00", disse, errando na conta.
Ele relatou que no sábado teve seu carrinho de cachorro-quente confiscado por fiscais da Prefeitura. "Me disseram que aleijado eles não perdoavam."
Para reaver o carrinho, ele e o irmão terão de pagar R$ 80,00, segundo lhe disseram os fiscais.
A Prefeitura foi mais cordial com o circo da F-1. Custeou reformas na pista e ajuda a promover o evento.
Na sexta e no sábado, o prefeito Paulo Maluf esteve em Interlagos, vistoriando o autódromo e cumprimentando os chefes de equipe.

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