São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Barrichello leva 'aula' do pelotão de elite

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Rubens Barrichello foi reprovado ontem na primeira avaliação sobre suas condições de andar no bloco dos líderes da F-1.
Apesar de ter se mostrado um aluno aplicado, com boa exibição no GP Brasil, o brasileiro levou algumas lições de colegas mais experientes e, na 60ª volta, cometeu o erro que custou sua aprovação.
Ao perseguir Michael Schumacher, na luta pela terceira colocação e pelo lugar no pódio que prometera, sábado, à torcida, Barrichello rodou sozinho, no final da reta oposta.
"Foi uma pena. Ele estava andando tão bem até a hora que aconteceu. Isso é uma coisa imperdoável, que não pode acontecer na F-1", comentou Nelson Piquet, que assistiu à prova em Interlagos.
O tricampeão tem razão.
O Jordan de Barrichello se mostrou bem acertado e mais veloz que a Ferrari do alemão. O brasileiro partiu para cima de Schumacher, apesar de saber que seu equipamento tinha problemas de freio.
"Quando a pista secou, os freios começaram a esquentar muito", contou. Segundo o piloto, no momento da rodada, houve falha dos freios, o que desestabilizou o carro.
A roda traseira direita do Jordan passou sobre a parte molhada da pista e o carro rodou. O sonho do pódio acabou na caixa de brita.
"Falta um pouquinho para chegarmos lá, e esse pouquinho vai vir com calma e paz de espírito", disse Barrichello, sob aplausos dos torcedores, ao chegar aos boxes.
O piloto largou na segunda colocação, mas, nas duas primeiras curvas, perdeu duas posições.
Travou, então, bom duelo com Jean Alesi pelo terceiro posto.
Sob chuva, ultrapassou-o três vezes na reta dos boxes. Em todas elas, porém, o francês lhe deu uma aula e retomava a posição na curva seguinte, o S do Senna.
"Eu tinha mais motor na reta do que ele, mas não era o suficiente para passá-lo e ainda retomar a trajetória. Aí, vinha a freada e ele me passava", contou o brasileiro.
Mais tarde, com pista seca, investiu sobre Schumacher, também pela terceira posição.
Antes de rodar, Barrichello chegou a ultrapassar o bicampeão, mas, exatamente como aconteceu com Alesi, tomou o troco.
Riscos
Também a Jordan levou uma lição no GP Brasil.
A equipe optou por não arriscar. No primeiro pit stop do brasileiro, quando já havia parado de chover, colocou pneus de chuva no carro.
"Seis voltas depois, a pista já estava seca", lamentou o piloto.
Além das lições, Barrichello ganhou um elogio do presidente da Renault, Louis Schweitzer.
"Sempre escolhemos os melhores pilotos. Barrichello fez uma boa exibição. Quem sabe, um dia...", disse o executivo.

Texto Anterior: Até invalidez revela contrastes
Próximo Texto: Diniz critica a equipe por erro em troca de pneus
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.