São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cid Moreira é o símbolo da vênus platinada
ESTHER HAMBURGER
Coube a Chapelin anunciar a própria decapitação. "'O Jornal Nacional' muda de formato." Se propõe a ser mais ágil, analítico e opinativo. Os novos apresentadores serão Lillian Wite Fibe e William Bonner. Seguiu-se o "Boa Noite" mais seco da história do "Jornal Nacional". A força de Cid junto ao público é tão grande que a Globo acabou recuando de sua opção inicial pela substituição sumária. A emissora adotou a tática do conta gotas. O locutor oficial, aquele que encarna a imagem da vênus platinada junto ao público, vai participar de seu próprio desaparecimento do vídeo em etapas. Substituído no dia a dia, estará presente periodicamente, lendo editoriais. A apreensão diante da perda de uma figura tão habitual é inevitável. Há quem diga que o telejornal deveria mudar também de nome. Cid Moreira apresenta o "Jornal Nacional" desde a primeira edição no dia 1º de setembro de 1969. Ajudou o sucesso da emissora e viveu os tempos áureos do maior campeão de audiência. Sua imagem talvez represente o que pode haver de mais televisivo. É quase que um signo vazio. É possível que daí venha muito de sua força. Seus cabelos prateados, brilham combinando com o azul infinito do cenário. De tão estável em seu posto de apresentador do primeiro telejornal nacional, sua figura perdeu a materialidade carnal e adquiriu a materialidade eletrônica dos raios catódicos que recompõem a imagem no final do processo físico da telecomunicação. Com o tempo, contagiou Sérgio Chapelin. Se tornaram parecidos. Sua presença sinalizava que estava no ar uma comunidade imaginária, que perde agora sua referência mais familiar. Texto Anterior: Carlinhos Brown co-dirige PercPan de 97 Próximo Texto: Burton une poesia e política no "Batman" de 92 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |