São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Burton une poesia e política no "Batman" de 92

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Batman - O Retorno" (Globo, 21h40) é o segundo e mais audaz dos três filmes da série feitos até agora. Tim Burton realizou a partir do célebre personagem uma fábula política "dark", em que o Pinguim (Danny DeVito) tenta conquistar o poder em Gotham City.
Mas é também uma fábula poética, já que o Pinguim é visto aqui como um vilão não só complexo como complexado. Ele tenta compensar com poder suas deformidades (é uma espécie de negativo de Edward Mãos de Tesoura, herói de outro filme de Burton).
As idéias de imperfeição e incompletude são desdobradas, também, pelas relações ambíguas entre Batman (Michael Keaton) e a Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer). Ela faz uma personagem que oscila entre a vilania e o heroísmo, mas marcada sempre pela dificuldade de se relacionar afetivamente (nesse sentido, evoca a mulher do clássico "Sangue de Pantera").
Em suma, neste filme de 1992, Burton navega nas águas tempestuosas da indústria cultural, do "filme evento", programado para o sucesso, mas se recusa ser banal.
Quando de seu lançamento, "Batman - O Retorno" surpreendeu e espantou uma boa parte dos espectadores. Onde estava a diversão pura que se podia imaginar?
O filme rendeu menos do que se esperava. Em compensação, há pouca dúvida de que durará muito mais do que a imensa maioria dos filmes desse tipo (os sucessos programados).
O espectador que gosta de cinema -e talvez tenha esnobado o filme por supor que era um produto inconsequente- tem uma nova chance de avaliá-lo e perceber porque, afinal, Tim Burton é um dos maiores cineastas americanos em atividade.
(IA)

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