São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Milhares fazem atos anti-EUA no Japão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os japoneses realizaram ontem uma série de manifestações contra a presença militar americana na ilha de Okinawa, sul do Japão.
Cerca de 90 mil pessoas participaram de um ato em Tóquio (capital), segundo os organizadores. A polícia estimou os manifestantes em 26 mil.
Houve outros protestos menores em outras cidades, afirmaram membros de uma associação filiada ao Partido Comunista.
Os protestos são um problema diplomático porque ocorrem duas semanas antes de o presidente americano, Bill Clinton, chegar ao país para reforçar os laços entre seu governo e o do premiê Ryutaro Hashimoto.
A crise começou em setembro passado, quando uma garota de 12 anos, moradora de Okinawa, foi estuprada por três soldados americanos. Os três foram condenados pelo crime e cumprem pena de prisão no Japão.
O incidente fez com que o governador da ilha, Masahide Ota, liderasse uma campanha para expulsar os americanos. Segundo ele, não é justo que a ilha tenha de abrigar 75% das bases militares americanas no Japão.
Em outubro, cerca de 80 mil pessoas realizaram, em Okinawa, a primeira manifestação contra o estupro e a favor do desmantelamento das bases na região.
"Vamos anular o tratado de segurança Japão-EUA", gritavam os manifestantes, referindo-se ao acordo firmado entre os dois países em 1950 e renovado em 69, que permite a presença permanente de militares dos EUA no Japão.
Donos de terrenos em Okinawa são contra a renovação do arrendamento às tropas dos EUA. As instalações norte-americanas ocupam uma área de 35 mil m2 na ilha.
O governador Ota desafia o governo central e se nega a assinar o contrato no lugar dos proprietários, como exige o governo.
Shoichi Chibana, sua mulher e seus dois filhos, que têm terras suas ocupadas pelos militares, anunciaram que vão "liberar" sua propriedade.
A licença para o uso das terras de Chibana expirou à 0h de hoje (hora local), e um escritório de comunicações militares está ocupando o terreno ilegalmente.
O premiê Hashimoto determinou a construção de uma cerca para evitar tentativas de invasão.

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