São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Cidade mostra lados asiático e europeu

ARTHUR NESTROVSKI
DO ENVIADO ESPECIAL

Água, pedra e gente -muita gente: quase oito milhões- são os elementos dessa mistura fantástica de cidade.
Istambul é dividida em três partes: a margem asiática, com uma sucessão de grandes casas ao longo do Bósforo; e as margens européias, cortadas pelo Chifre de Ouro, separando a Cidade Antiga (século 6º) da "nova" (século 13).
A linha do horizonte está pontuada pelas palmeiras de pedra dos minaretes. Lado a lado, na Cidade Antiga, ficam a basílica de Haghia Sofia ("Santa Sabedoria"), do ano 537; a Mesquita Azul (séc. 17), "uma das maravilhas arquitetônicas do mundo", como reza um clichê verdadeiro; e o Topkapi, o palácio otomano que domina a cidade do alto: um enorme conjunto de pavilhões, mesquitas e jardins, espalhados em 700 mil m2 e abrigando, até hoje, o tesouro dos sultões, de fama cinematográfica.
Junto à Haghia Sofia, fica a Cisterna Basílica, maior reservatório de água do Império Bizantino. É floresta de mais de 200 colunas de pedra, de capitéis coríntios.
Esse jardim de água, por onde se passeia à luz de velas, faz pensar nos "Cárceres da Invenção", do gravurista barroco Piranesi -mas um Piranesi feliz, distribuidor de vida para as fontes da cidade.
Grande Bazar
Geográfica e metaforicamente no centro do lado antigo, fica o Grande Bazar, onde se compra e vende de tudo, em todas as línguas e qualquer moeda.
Construído pouco após a conquista (para nós, "queda") de Constantinopla, o Grande Bazar é uma cidade dentro da cidade, limitada por muros e portais.
Um roteiro como esse já seria o bastante para vários dias; mas não é nem o começo do que há para ver.
Não se pode ignorar a mesquita de Suleyman, o Magnífico (1557), do grande arquiteto Sinan.
É um dos maiores monumentos da arte otomana, com sua enorme cúpula e uma multiplicação de outros domos, sustentados por pilares de pórfiro e cobertos de azulejo.
Há o palácio oitocentista Dolmabahçe, com 285 aposentos de suntuosidade sultânica -embora, como tantos outros prédios, necessitando hoje de reparos.
Há a torre de Galata (século 14), na antiga cidadela genovesa; e o Pera Palas, memorável hotel dos tempos do Expresso Oriente.
Há os banhos turcos, mesquitas de higiene e descanso. Há museus de arqueologia, caligrafia, ou tapetes. Há o bazar de especiarias e bares populares, onde se tomam anis, ou café e se fuma proverbialmente "como um turco".
Há, especialmente, as caminhadas pelas vielas e galerias, uma perseguição do insuspeitado em cada nova dobra da esquina. Istambul não tem fim.

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