São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Moradores 'viajam' com discos voadores

ROBERTO COSSO; MARIANA CARVALHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quando a conversa é sobre discos voadores, todos em São Tomé das Letras indicam a mesma pessoa: Oriental Luiz Noronha, o Tatá, 57, que diz ter presenciado diversos fenômenos ufológicos.
Tatá, que é autodidata, foi a São Tomé para pesquisar história e arqueologia. Estudou até o terceiro ano primário, produziu alguns vídeos sobre aparições de extraterrestes e escreveu o livro "São Tomé das Letras, o Útero da Terra".
Seus estudos são vistos com ironia pelos céticos. Alguns dizem que o pára-choques de sua caminhonete define bem seu trabalho: "Quem sabe cria, vem um burro e copia." Mas ele diz que a frase é para quem copia seus estudos.
Energia
Tatá acredita que os discos voadores procuram São Tomé em busca da energia do quartzito -mineral abundante na região.
Segundo o geólogo Fernando Junqueira, "o quartzito não serve para acumulação de energia". Para ele, quem tem essa propriedade é o quartzo, cuja capacidade é determinada pela pureza do cristal.
"O quartzito é uma formação muito impura do quartzo; não funciona como capacitor de energia."
Para fundamentar sua tese de que os discos voadores sempre estiveram em São Tomé, Tatá utiliza algumas inscrições rupestres no morro do Areado.
Em uma delas, ele diz ver a representação de uma ave, uma cobra e um disco voador ao lado de uma estrela. Sua interpretação desse anagrama o faz crer que os primitivos viram a nave espacial representada, que voaria como os pássaros, mas em forma de ziguezague.
Segundo seus estudos, o último fenômeno ufológico ocorrido em São Tomé foi em 9 de setembro de 95, quando mais de 500 pessoas viram uma luz sobre a cidade.
Ele diz ainda que, na manhã seguinte, uma família que vive na fazenda Varginha encontrou o disco voador pousado "e teve um contato a 12 metros de distância".
Durante o aparecimento da luz, algumas pessoas se jogaram no chão e choraram, dizendo que o mundo acabaria.
Segundo os céticos, o motivo de tamanho desespero era apenas uma lanterna instalada numa pipa, conduzida por algum brincalhão.
Como essa, cada um tem uma história diferente para contar.
José Marcelino Sobrinho, 57, trabalha na extração de pedras. Ele diz que, quando estava no mato caçando, viu uma luz.
"Não posso afirmar se era disco voador", diz. Segundo ele, tem gente na cidade que inventa e aumenta as histórias.
(RC E MC)

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