São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Procuradoria denuncia no Rio dois ex-presidentes do banco

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria da República no Rio denunciou ontem os ex-presidentes do BB (Banco do Brasil) Lafaiete Coutinho e Mário Berárd e quatro ex-diretores por terem aceito cerca de 65 mil cheques sem fundo, estimados em R$ 80 milhões, do grupo Bloch de 87 a 93.
Segundo a denúncia, feita à 13ª Vara Federal, assinada pelo procurador Alex Miranda, "a responsabilidade criminal dos denunciados" existe por ocuparem "cargos de variadas importâncias" no BB.
Miranda disse que dado o número de cheques e o volume de dinheiro envolvido e o "irregular acatamento de cheques desprovidos de fundos", os ex-presidentes têm que ser incluídos como responsáveis "diretos ou indiretos" pelo crime de gestão fraudulenta.
O procurador, mesmo sem ter explicitado a responsabilidade de cada um dos envolvidos, disse que, quando os cheques batiam na agência, havia uma série de consultas até a liberação do dinheiro.
As consultas iriam até o presidente. Por isso, também foram denunciados Antônio Abrahão Chalita, ex-superintendente geral do Rio, Jorge Rangel Dantas Brasil, então gerente geral da agência Centro-Rio, Arnolfo Cordeiro Pimenta de Mello, à época gerente adjunto da agência Centro-Rio, e Jorge Henrique Paixão, então gerente da área de Operações do BB.
O processo estava sendo investigado pela PF (Polícia Federal) em Brasília. Quando chegou ao Ministério Público de Brasília, foi transferido para o Rio (o réu, o grupo Bloch, tem domicílio na cidade).
Até este momento, os ex-presidentes não haviam sido indiciados. Miranda fez novas investigações e voltou a ouvir os envolvidos, chegando à conclusão de que os cheques, devido ao alto valor, não poderiam ter sido aprovados sem a autorização dos presidentes.
Segundo Miranda, a conta corrente do grupo Bloch no BB não era especial, o que exigiria a devolução dos cheques sem fundo. Como houve quebra de norma, Miranda denunciou os funcionários do banco por gestão fraudulenta.
Entre as seis testemunhas arroladas por Miranda, estão o atual superintendente do BB no Rio, Sócrates Mendes Junior, e o presidente do BB, Paulo César Ximenes.
A superintendência do Rio está executando a dívida do grupo Bloch, segundo o BB.

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