São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Erguendo os ombros, teatral, exagerado, Cid Moreira apresentou seu primeiro editorial. De tema esperado.
"O programa de privatização do governo Fernando Henrique não vai nada bem", começou, lembrando promessas e resultados. "Este governo é lento na venda."
Falou de ferrovias, de eletricidade, estradas, portos. Só não falou do que interessa à Globo, que, aliás, é rápida na compra: E as teles?
Nem em editorial a Globo abre o jogo.
Diversidade
O Jornal Nacional abriu com Lillian Witte Fibe em plano americano. Depois, quase âncora, ela comentou sobre salário mínimo.
A Globo adapta-se aos tempos de diversidade: em toda parte, mulheres.
No Bom Dia Brasil, Leilane. SPTV, Sandra. Hoje, Fátima. JN, Lillian. Jornal da Globo, Mônica. É invasão ordenada pela audiência, que, não tem jeito, é feminina.
Que o digam os rostos masculinos, no JN, no Fantástico, lembrando modelos que antes invadiram as novelas.
Mais alguns anos e chegam as cotas étnicas, como nas novelas. As cotas regionais já chegaram -em tempos multiculturais da Globo.
Nem tanto nos diários, apesar do avanço paulista no JN, mas no Fantástico e Faustão. O primeiro, assim, vai fazer pesquisas por Estado. O segundo promete, na Internet, "revelar talentos de todas as regiões do país".
A Globo, escolhida para a união nacional tão preciosa ao regime militar, reaparece agora à frente de uma ação oposta. Exigência de mercado, não de política.
"Todas as regiões", os gêneros, as cores, até as religiões -apesar dos problemas da emissora, tão católica, com a Igreja Universal.
Cid Moreira rezou domingo o plano de espiritualização ecumênica da programação. Afinal, não se pode desprezar a fé de ninguém, na audiência disputada de hoje.

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