São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Detentos soltam advogado de Pareja

WILLIAM FRANÇA

WILLIAM FRANÇA; LAURO VEIGA FILHO
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA DE GOIÂNIA (GO)

Amotinados desde a última quinta em GO, presos exigem 27 armas e mais R$ 30 mil para libertar os 18 reféns

LAURO VEIGA FILHO
Os cerca de 30 presos amotinados há cinco dias no Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás) liberaram ontem o refém Natanael Lima, 35, advogado do sequestrador e assaltante Leonardo Pareja, 22, que está liderando a rebelião.
O advogado deixou o presídio às 16h10 dentro de uma camionete da Polícia Federal. Logo depois, os amotinados apresentaram uma nova lista de exigências para libertar os 18 reféns restantes.
Os reféns permanecem sob a mira de revólveres e em celas com botijões de gás e solventes químicos. A comissão de negociação do governo do Estado considerou "exageradas" as reivindicações.
Os presos querem agora nove metralhadoras 9 mm com dois carregadores de reserva, nove revólveres calibre 38 com nove caixas de balas, nove pistolas 765 de 16 tiros, nove celulares com duas baterias cada um e 20 coletes à prova de bala.
Exigem ainda mais R$ 30 mil em dinheiro trocado -além dos R$ 20 mil que já receberam- e nove carros de modelos específicos. Nesses carros, sairiam com nove reféns.
Os amotinados exigiram também que o advogado Natanael Lima faça parte da comissão de negociação e que Pareja conceda uma entrevista coletiva antes da fuga, onde falaria sobre a estratégia de libertação dos reféns.
Contra-proposta
Por volta das 18h30 de ontem, a comissão fez uma contra-proposta: ofereceu sete carros, mas eles só poderiam sair do presídio com seis reféns. Os presos também não poderiam usar armas
Foram entregues dois carros, quatro revólveres 38 com munição e cinco coletes à prova de bala. Há prontos outros quatro carros, oito revólveres e R$ 20 mil.
Às 12h de ontem, o comandante-geral da PM de Goiás, coronel José Jorge Vieira, disse que a polícia está preparada para intervir na hipótese de uma invasão.
Sua declaração provocou tensão entre os presos. O presidente da OAB-GO (Ordem dos Advogados do Brasil), Eli Forte, teve de pedir calma. "Não se fala em invasão. É um desastre a ser evitado a todo custo", afirmou.
A polícia, no entanto, continuou ontem a esvaziar o presídio, transferindo presos não-rebelados para o estádio Serra Dourada, em Goiânia. A PF ofereceu dois helicópteros, dois aviões e mais agentes.
Fuga frustrada
Ontem, por volta de 10h, a PM descobriu um túnel cavado ao lado do muro da ala feminina do Cepaigo, ocupada temporariamente por 480 detentos que não participam da rebelião. Ninguém fugiu.
No domingo, às 19h15, dois presos de regime semi-aberto escaparam. A PM evitou novas fugas depois de um intenso tiroteio.

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