São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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BC não atua e taxas de juros desabam

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros, surpreendendo o mercado financeiro, desabaram. O BC (Banco Central) não atuou no over e o excesso de liquidez puxou as taxas para baixo.
Pior para os que acreditaram na decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) sobre a TR.
A queda gradualíssima do redutor foi interpretada consensualmente pelo mercado como um si sinal inequívoco do governo de que o juro teria uma trajetória extremamente conservadora.
Em números, a avaliação fixava a taxa-over este mês entre 3,10% (pi so) e 3,30% (teto).
Tanto que muitos negócios com vencimento para hoje foram fechados de 3,10% a 3,17% na última sexta-feira.
Mas, ontem, a taxa bateu em 3% e o teto imaginado passou a ser de 3,2% -teto que não será, provavelmente, testado este mês, devido ao excesso de liquidez. A queda dos juros no over repercutiu imediatamente nos mercados futuros.
Agora a previsão é de taxas efetivas caiam 0,05 ponto percentual nos próximos três meses.
A diferença entre a sinalização dada pelo CMN e a prática do BC fabricou lucros e prejuízos.
Ganhou muito dinheiro quem, por qualquer motivo, não acreditou no caminho apontado pela decisão do CMN. Pior para a poupança, que perdeu em um dia o que só ganharia, com sorte, daqui a três meses. Se o juro ficasse parado, o ganho da poupança (com a queda gra dual do redutor) seria de 1,8%. Mas o juro caiu ontem o equivalente a 2,4% ao ano.
Quer dizer, o governo está, definitivamente, olhando pelos que devem em TR. Para quem tinha dúvidas, ontem foi o dia da certeza: os saques vão mesmo conti nuar a superar os depósitos.
A guinada foi tamanha que alguns analistas já passaram a achar que o que o governo busca mesmo, no final das contas, é dar um empurrão no crescimento.
Para eles, este será o efeito da combinação: queda dos juros (com piora do rendimento da poupança), aumento do salário mínimo e das pensões e aposentado rias, queda de alíquotas de importação e reajuste dos combustíveis.
Logo, os olhos destes analistas agora estão voltados para o comportamento futuro da balança comercial (exportações e importações).

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