São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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Falta de solução no Banespa irrita Covas

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), começou a entregar os pontos com relação à aprovação do acordo que poderia resolver a crise do Banespa, que está sob intervenção do Banco Central desde dezembro de 1994.
Essa foi a impressão que alguns parlamentares da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal tiveram ontem, após reunião com Covas em São Paulo.
Descrevendo a reunião como tensa, o senador Romeu Tuma (PSL-SP) ironizou: "O governador não tem o saco preto nem roxo, mas está com ele cheio".
Os senadores paulistas Pedro Piva (PSDB) e Tuma dizem que, para São Paulo, a federalização do Banespa poderia ser a melhor saída.
Ambos defendem a aprovação, pelo Senado, do acordo firmado entre os governos federal e estadual em janeiro passado.
Os senadores Gilberto Miranda (PMDB-AM), Osmar Dias (sem partido-PR) e Roberto Requião (PMDB-PR) saíram irritados da conversa, principalmente porque Covas acenou com a possibilidade de não assinar a versão final do acordo, caso ele seja aprovado.
"Covas disse que, se o Senado aprovar o empréstimo de R$ 7,5 bilhões, mas ele concluir que isso não será suficiente para sanear o banco, não assina o acordo", afirmou Miranda, que preside a CAE.
"O governador não poderia dizer o que disse. O Senado não pode ser desmoralizado", disse Dias.
"A negociação não resolve o problema. A dívida atestada no acordo já subiu de R$ 15 bilhões para R$ 17 bilhões. Quem vai cobrir a diferença?", questionou Requião.
Custo político
Covas tem demonstrado sua irritação e desânimo a vários interlocutores. Ele estaria sentindo o custo político com o qual terá que arcar caso reassuma o Banespa.
Reclama, ainda, do desgaste sofrido ao investir o primeiro ano de mandato negociando o caso, cultivando imagem de imobilismo.
Os sinais que Covas tem recebido são de que o Banespa só se viabiliza se passar por reestruturação profunda. Isso significa demissão de pessoal e fechamento de agências, por exemplo. Em ano eleitoral, nada poderia ser tão desastroso.
O discurso dos senadores contrários ao acordo também está carregado de significado político.
Para Requião, interessa salvar o Banespa, mas importa mais ainda marcar posição contra o governo.
Ele segue a linha da ala oposicionista do PMDB: bombardeio à política econômica. "O presidente é a fada madrinha dos bancos privados. Por que não poderia ajudar também o Banespa?", indaga.

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