São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amotinados se dividem em 4 facções

DO ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA DE GOIÂNIA (GO)

Os 43 amotinados (segundo eles) no Cepaigo são divididos em pelo menos quatro grupos. Há uma rixa entre eles, mas durante a rebelião foi estabelecida uma trégua entre as facções, em busca do objetivo comum -a fuga.
O que mais se destaca no grupo é Leonardo Pareja, indicado para comandar os demais por um consenso entre os próprios reféns. Isso porque ele é, de longe, um dos menos violentos e mais articulados.
Pareja desperta controvérsias. Alguns acham que não passa de um exibicionista. Outros, que é um bom rapaz que caiu no crime.
Pelo relato dos reféns que foram liberados e de alguns dos que ainda continuam sob o controle dos amotinados, ele não participou da ação da rebelião. Acabou na liderança porque é frio, decidido e não usa de violência.
Pivô
Uma das afirmações mais comuns entre os moradores de Goiânia é a de que foi Pareja quem arquitetou a rebelião.
O juiz Stenka Isaac Neto, da Vara de Execuções Criminais -tido como "padrinho" do assaltante-, sai em sua defesa. "É uma besteira. A rebelião aconteceria com ele ou sem ele. O que está provocando a rebelião é a situação dos presos."
Mas foi Pareja quem, há três semanas, denunciou ao Poder Judiciário as condições precárias do Cepaigo. Falou sobre maus-tratos, trabalho escravo e total falta de condições de sobrevivência.
Sensibilizado, o Judiciário criou o programa Justiça Itinerante -e foram justamente seus integrantes que acabaram como reféns na rebelião. Por isso, há quem considere Pareja o estopim da crise.
Segundo seu advogado, Natanael Lacerda, Pareja não é exibicionista. "Ele gosta é de levantar uma discussão".
Outros líderes
Os presos apontados como líderes do motim têm entre 19 e 30 anos. Veja quem são os outros:
Eduardo Rodrigues Siqueira, 23: conhecido como "Pigmeu", tem 27 anos de condenação. Responde ainda a mais dez inquéritos de assaltos em Anápolis, onde morava. Tido como um dos mais violentos do grupo.
Paulo César da Silva, 19: tem o apelido de "PC". Sem profissão e residência fixas. Condenado por assaltos a postos e motéis.
Amaury Domingos dos Santos, 27: conhecido como "Bida". Porteiro, preso em flagrante por assalto a uma agência lotérica.
Jande de Souza Barbosa, 24: o "Satanás". Condenado por latrocínio (roubo seguido de morte) em Aparecida de Goiânia em 93.
Amauri Gomes de Oliveira: conhecido como "Carioca". Condenado a 25 anos, já cumpriu cinco.
José Antônio da Silva, 28: tem o apelido de "Tico". É condenado por dois assaltos seguidos de estupros, ocorridos em 94, em Anápolis. Foi preso em Cuiabá.
Edvan Leite Silva, 30: "Índio". Motorista, sem residência fixa.

Texto Anterior: Como foi o crime
Próximo Texto: Secretaria fecha clínica de Caruaru
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.