São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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FHC quer conter altas hoje

Presidente dá 24 horas para ministros acharem uma solução

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso não gostou do que leu nos jornais, na manhã de ontem, anunciando reajustes entre 14% e 30% no preço dos combustíveis.
Imediatamente, ligou para os três ministros que se dedicam às medidas de liberação dos preços e de estímulo ao Proálcool (Programa do Álcool) -Pedro Malan (Fazenda), Raimundo Brito (Minas e Energia) e Dorothea Werneck (Indústria, Comércio de Turismo)- para se queixar das informações.
O presidente deu um prazo de 24 horas -que se encerra nesta manhã- para que a área econômica dê uma solução ao problema. Ele quer que a tendência de reajustes muito acima dos 9% a 10% previstos oficialmente, seja revertida.
Estes reajustes praticados pelo mercado, reclamou FHC, contrariaram a tudo o que havia sido acertado nas reuniões ministeriais.
Mais que isso, acentuou o presidente, os novos preços podem colocar o governo em confronto com as próprias promessas, feitas pela ministra Dorothea Werneck e pelo secretário de Acompanhamento Econômico, Luiz Paulo Vellozo Lucas, na entrevista coletiva de sexta-feira, quando se anunciou o reajuste e a liberação dos preços na bomba.
Após um dia de correrias, em que a Fazenda e o DNC (Departamento Nacional de Combustíveis) se empenharam em promover reuniões com distribuidoras e postos para reverem os preços aplicados, o diretor do DNC, Ricardo Pinheiro se reuniu com técnicos para alertar sobre as críticas de FHC.
Locaute
A Fecombustível (Federação dos Revendedores de Combustíveis) reagiu à elaboração da tabela informal de referência.
A Folha apurou junto à representação da entidade, em Brasília, que a publicação de tabelas, mesmo que apenas a título de "referência", provocará um locaute (greve de empresas).
Para a Fecombustível, mais uma vez o governo está tentando atribuir aos postos a responsabilidade pelo desencontro das medidas para o setor.
Essa confusão teria se iniciado com uma entrevista da ministra Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) e do Secretário de Acompanhamento Econômico, Luiz Paulo Vellozo Lucas, anunciando o reajuste e a liberação nos preços.
A entrevista foi confusa, sem a explicação de qual percentual seria adotado -só foi divulgado o valor nominal médio do reajuste.

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