São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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Na tela da TV

THALES DE MENEZES

Canais de TV paga exibiram alguns jogos do Lipton no fim-de-semana. Serviram de reflexão para um problema crônico: por que a transmissão de tênis pela TV no Brasil é chata?
Porque um jogo de tênis pela TV é chato em qualquer lugar do mundo, poderia dizer alguém que não é fã do esporte.
Na verdade, o que se discute aqui é que o tênis na telinha pode entediar até o mais assíduo raqueteiro. E a culpa sempre recaiu no enquadramento.
Como a quadra é vista por trás, de maneira a permitir que a câmera enquadre os dois tenistas de uma vez, o ângulo das tomadas "chapa" a imagem.
Em outras palavras, a câmera não consegue mostrar as variações de altura e velocidade que a bolinha carrega.
Muito menos o efeito "top spin", que faz a bolinha subir mais alta e com maior velocidade após quicar no solo.
Na TV, a quadra fica reduzida a uma mesa de pingue-pongue e o jogo perde muito de sua graça. Daí aumenta a importância do trabalho dos locutores e analistas para garantir o interesse da transmissão.
Existe o modelo norte-americano, que respeita a inteligência do espectador. Ninguém fala durante a disputa do ponto e as análises são rápidas, porém bastante empolgadas.
Tem o modelo europeu, com suas variações. Na França, o locutor fala durante a disputa do ponto e diz coisas que não têm nada a ver com o jogo.
Na Itália, um dos estilos mais estúpidos. O narrador diz o nome de quem bate na bolinha. A locução fica assim: "Becker, Sampras, Becker, Sampras, Becker, Sampras, Becker..."
No Brasil, o que presenciamos é uma somatória dos defeitos dessas transmissões.
O narrador se empolga, repete sempre o nome de quem acaba de bater na bolinha e acha até um tempinho para falar sobre seus amigos de clube.
Desse jeito, tênis pela TV vira coisa de fã. E bem fanático.

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