São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996 |
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'Outubro' transforma a luta armada em demência coletiva
FERNANDO DE BARROS E SILVA
"Outubro Violento", do diretor Pierre Falardeau, reconstitui o episódio dia-a-dia, a partir da ótica dos sequestradores, num esforço de trazer à tona o outro lado da história. A temática é familiar aos latino-americanos e quem já assistiu aos filmes de Costa Gravas tem uma idéia aproximada do registro em que se move "Outubro". O segredo da fórmula está na mistura verossímil e didática de trama política, andamento de suspense policial e drama existencial. Este último assume seu centro nervoso numa espécie de subordinação progressiva da política ao inferno íntimo de cada envolvido. Acompanhamos, com mal-estar, o processo de enlouquecimento de sequestradores ilhados numa casa junto com sua vítima. Numa visão que é parcial e amplamente simpática ao "drama" dos sequestradores, "Outubro" psicologiza a política e humaniza a luta armada, transformando-a em pouco mais do que demência coletiva movida por boas intenções. Essa ambiguidade que envolve toda ação extrema, o filme já a coloca desde o início quando escolhe como epígrafe a seguinte frase de Albert Camus: "necessário e injustificável". Falardeau não precisaria fazer mais que isso para sinalizar que vê seus sequestradores como mártires de uma causa perdida. Já vimos isso antes. Vídeo: Outubro Vermelho Elenco: Hugo Dubé, Luc Picard Distribuição World Movies (tel. 011/536-0677) Texto Anterior: Câmera de Singleton atira para matar Próximo Texto: Os mais retirados da semana Índice |
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