São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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"Ninguém domina a rede"

RODOLFO LUCENA
DA REDAÇÃO

A guerra aberta entre Microsoft e Netscape, que brigam pela hegemonia na Internet, pode não acabar em pizza, mas também não terá consequências dramáticas para os usuários da rede, diz Negroponte.
"Ninguém vai dominar a Internet. De forma alguma. Essa é a questão, apenas essa."
"Não tem nada a ver dizer que a Microsoft é fraca na rede, que Bill Gates chegou tarde à Internet. Isso pode ser verdade ou não, mas o certo é que ninguém vai controlar a rede, por causa da própria estrutura, da arquitetura da Internet."
Novas alternativas
Na opinião de Negroponte, a disputa entre a gigante dos programas para computador e a criadora do programa de pesquisa de maior sucesso na Internet não vai parar o desenvolvimento da rede.
"Estamos vendo o aparecimento de novos fornecedores, oferecendo as mais diversas alternativas", diz ele.
"Atualmente, a Netscape é obviamente uma grande presença na rede, mas também há lugar para a Microsoft. A Internet não é como o 'Windows 95', é outro tipo de atividade."
Subdesenvolvidos na rede
Em suma, com ou sem briga, a Internet vai continuar crescendo e gerando negócios.
Depois do ciberdinheiro e do novo tipo de atividade econômica que está sendo criado na rede, a maior novidade, na opinião de Negroponte, é o acesso que os países em desenvolvimento começam a ter.
"Vocês são a tendência, estão no meio desse movimento, em que as nações em desenvolvimento vão passar a dominar a rede, o que é absolutamente maravilhoso."
Segundo ele, logo os usuários de países do Terceiro Mundo serão maioria na rede. "Basta ver os números desses países", diz ele.
Negroponte cita a Malásia como exemplo. Lá, o número de usuários da Internet está crescendo a uma taxa de 20% ao mês. Se essa taxa for mantida, até o ano 2000 toda a população será plugada.
Metade de 1%
"Veja a Índia, a China. São mais de 2 bilhões de pessoas. Metade de 1% da população desses países já faz uma enorme diferença. O Brasil tem 150 milhões de habitante. Metade de 1% disso forma um número importante de usuários."
Ele lembra que, hoje, nos Estados Unidos, de 35% a 40% das casas estão ligadas à rede mundial de computadores. Por isso, eles dominam a rede.
"Mas, quando você examina os números do resto do mundo, vê que isso pode mudar. É possível, apesar das companhias telefônicas dos países em desenvolvimento."
Esse problema -telecomunicações deficientes- é o principal entrave para que os países em desenvolvimento tenham presença mais importante na Internet.
"Não sei quanto tempo demora para conseguir uma linha telefônica no Brasil, mas suspeito que o tempo seja muito alto, e os custos, muito elevados", disse Negroponte.
(RL)

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