São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
Texto Anterior | Índice

Passeata estudantil; Burrice; Arco-íris; Crítica; Palhaçada; Outro sonho; A face do preconceito

Passeata estudantil
"Desejo sugerir que os estudantes de todo o Brasil unam-se novamente e saiam às ruas exigindo que o Senado e o Congresso tomem uma atitude séria, implantando a CPI dos Bancos, para que possamos acreditar que ainda existe um mínimo de justiça e dignidade em nosso país."
Rodrigo Wanderley N. Barbosa (Marília, SP)

Burrice
"O que será pior: jornalista censurado ou jornalista burro?
Toda a imprensa fazendo fofoca sobre o prejuízo do Banco do Brasil.
Nenhum iluminado porém fez a seguinte pergunta: 'Como o BB perdeu tanto dinheiro e o seu fundo de pensão é o maior do Brasil?' Elementar, não?
Investigação sobre isso? A burrice não permite, embora não haja censura."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Arco-íris
"Apesar de o ministro Sérgio Motta ter afirmado que o presidente tem 'aquilo preto', FHC 'amarelou' em relação à CPI dos Bancos, não tem coragem de assumir publicamente o seu projeto de reeleição e morre de medo do ACM, que sempre consegue obter tudo o que quer."
Max Lopes Chaves (Rio de Janeiro, RJ)

Crítica
"É assustadora a crítica de Nelson de Sá ao espetáculo 'Nowhere Man'. Tenho que admitir que é inaceitável para mim ter a minha vida pessoal julgada por qualquer pessoa, muito menos por um crítico teatral.
Se ele não conhece o seu ofício, deveria tentar fazer um transplante de cérebro ou recorrer ao famoso banco de dados deste jornal para recuperar algo de sensibilidade e conhecimento cronológico.
Será que esse amador não percebe que ele mesmo tem anunciado o 'humorismo' em meus espetáculos há quatro anos? Quatro!
O sr. Nelson de Sá anuncia consistentemente, a cada estréia nova, que 'agora' o Gerald Thomas está mais engraçado, seja em 'Flash and Crash Days' ou em 'Império das Meias Verdades' ou mesmo em 'UnGlauber', citando inclusive a entrada de Fernanda Torres na minha vida e no meu teatro como grande fonte de inspiração para tanto.
No quinto ano, esse amador resolve anunciar que eu estou seguindo a trilha de Antunes Filho (!!!) em seu último espetáculo (eu, aliás, escrevi a crítica desse genial espetáculo para a Folha). Pasme!
Como é que ficam o leitor, eu, meu elenco e os espectadores? Se uma crítica teatral vira uma sessão de psicanálise entre o diletante e eu, só me resta ser pessoal também nessa resposta.
Apesar de estarem umbilicalmente unidos, autor e obra são entidades independentes e gozam do absoluto direito de viver vidas separadas. É inaceitável ter algo julgado que vá além daquilo que está no palco.
Só me resta dizer para Nelson de Sá: ó seu prepotentezinho, vá ler a crítica carioca pra aprender do que trata a dramaturgia de 'Nowhere Man'.
Aliás, ao ler os jornais de lá, sinta uma senhora vergonha por ter tido a audácia de querer interpretar uma personalidade tão complexa quanto a minha. Não te dou esse direito!
Será que o excesso de televisão te confundiu e você achou que tinha que fazer algo como 'this is your life!'? Será que esse cerebrozinho acha que me conhece a ponto de poder dizer o que é verdade ou mentira?
Não te dei e não te dou a liberdade de ser pessoal comigo. Não admito que você fale de mim e finja uma intimidade que não existe. Não te conheço, Nelson de Sá. Vai te catar!"
Gerald Thomas, diretor teatral (Curitiba, PR)

Palhaçada
"Ao fazer minha leitura diária da Folha me chamou a atenção o editorial 'Palhaçada' (29/3).
Certa de que se tratava de assunto comemorativo ao 'Dia Nacional do Circo', 27 de março, fiquei satisfeita pelo reconhecimento de tão importante órgão da imprensa à classe artística; fui, na medida em que lia o texto, chamada à realidade.
Consultei o novo dicionário básico da língua portuguesa Folha/Aurélio e na página 476 encontrei o significado da palavra palhaçada: 1) Ato ou dito do palhaço; 2) Cena burlesca, ridícula ou divertida; 3) Grupo de palhaços.
A profissão de artista foi regulamentada pela lei nº 6.533/78.
Os senhores envolvidos no texto cujo título é 'Palhaçada' não pertencem à nossa categoria e, portanto, solicito a reparação de danos morais causados pelo equívoco entre título e texto:
1) Publicar título que esclareça ao leitor o significado da ação do senador Gilberto Miranda e seus pares.
2) Quanto à classe artística, ela continua prestando bons serviços à sociedade brasileira e merece ser notícia."
Ligia de Paula Souza, presidente do Sated/SP -Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A definição 2, cena ridícula, se encaixa como uma luva no episódio envolvendo o senador Gilberto Miranda.

Outro sonho
"Gostaríamos que o sonho do sr. Douglas Eden Ferrari ('Painel do Leitor', 31/3), em vez de ser passear com Luiza Erundina pelas avenidas e túneis que ela paralisou, fosse passear de mãos dadas com o sr. Paulo Maluf pelas ruas mal iluminadas e sem asfalto da periferia na zona sul e ao mesmo tempo perguntando ao sr. prefeito quantas creches, escolas, postos de saúde e hospitais ele construiu e inaugurou, quantos quilômetros de ruas asfaltou, quantas favelas reurbanizou.
Isso se, até o meio do passeio, não forem testemunhas de chacinas, assaltos, assassinatos ou não tiverem o carro roubado. Tenho certeza que chamaria isso de pesadelo e para despertar o senhor até votaria em Luiza Erundina."
Luiz Carlos dos Santos e Angela Mary, coordenadores do Centro Pastoral de Orientação e Educação à Juventude (São Paulo, SP)

A face do preconceito
"Acho que ao responder à cobrança do Aldo Novak o ombudsman deixou patente seu desconhecimento sobre a verdadeira face do preconceito.
Um dos detalhes mais importante da análise do fenômeno Mamonas Assassinas foi omitido.
O autor de todas as letras do grupo, Dinho, era baiano. Sempre fez questão de ressaltar que era baiano e que a maioria das suas músicas foram originárias da troca de informações com amigos e parentes da Bahia.
Na verdade foi Dinho, o baiano do conjunto, que sempre esteve ligado às suas raízes familiares nordestinas, o criador de todas as letras e único responsável pelo estilo debochado e alegre do grupo.
O próprio título da banda, criado e desenhado por Dinho, foi imaginado a partir de um vegetal típico da região de Irecê.
Salvo o pessoal do sertão da Bahia, poucas pessoas sabem o que é exatamente uma mamona ou para que serve (dela se extraí o óleo usado na indústria de tintas e resinas)."
Luiz Henrique Amorim de Jesus (Salvador, BA)

Resposta do jornalista Marcelo Leite - O fato de ser baiano não dá a ninguém o direito de propagar preconceitos, ainda que contra seus conterrâneos. E mamonas não são uma invenção baiana, pois abundam também em terrenos baldios de São Paulo -ou Guarulhos.

Texto Anterior: CPI: exigência da sociedade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.