São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vento a favor

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Apesar de alguns soluços de dúvida, a chamada comunidade financeira internacional aumenta a cada dia a sua paixão pela economia brasileira.
Em uma análise simples, concisa, a corretora norte-americana Merrill Lynch listou este mês quatro razões para acreditar que o Brasil continua no caminho econômico certo:
1) Apesar do "grande e possivelmente crescente desemprego" por causa da reestruturação das empresas, a força de trabalho tende a se deslocar para o setor informal ou terceirizado da economia e isso "ajuda a manter o atual nível de salários";
2) O valor real dos salários permanece alto, o que sugere um aumento no poder de compra da população no momento que os "consumidores começarem a liquidar dívidas contraídas durante o 'boom' de consumo de um ano atrás";
3) As taxas de juros "têm caído substancialmente" e a expectativa é que fiquem "próximas de 15% (ao ano) durante 1996". Isso deve reduzir a atração por aplicações em papéis do governo e aumentar o interesse por projetos produtivos. Além disso, juro menor reduz o risco de endividamento descontrolado do governo;
4) O crédito bancário aumentará. "Nós antecipamos uma distensão no controle de crédito assim como uma redução da exigência de altas reservas" para empréstimos, "o que deve diminuir as taxas de crédito bancário de seus níveis astronômicos".
Exceto pelo item número quatro, um pouco ousado, a Merrill Lynch resume o pensamento convencional que se ouve sobre economia brasileira entre bancos estrangeiros.
É tudo vento a favor de FHC. Apesar das declarações desastradas, da fisiologia, da demora na privatização.

Texto Anterior: Paranóia pura
Próximo Texto: Acácio em Buenos Aires
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.