São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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PMs acusados de tortura são indiciados

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois policiais militares foram indiciados anteontem sob as acusações de sequestro, roubo, lesão corporal, danos materiais e abuso de autoridade no inquérito que apura a tortura do casal Messias Francisco de Souza, 63, e Dirce Maria Anacleto, 52.
O crime aconteceu em 18 de outubro de 95, no Jardim Tietê (zona leste de SP). A operação foi comandada pelo tenente Maurício de Araújo, e dela participaram, inicialmente, mais cinco policiais.
Anteontem, o soldado Gerson Lopes, 32, e o cabo Paulo Zanzini, 39, ambos do 12º Batalhão da PM, foram indiciados (acusados formalmente do crime) pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
"Vamos indiciar o tenente e outros três PMs sob as mesmas acusações", disse o delegado Francisco Luppi de Castro Filho, 33.
Os PMs negaram o crime, mas admitiram ter participado da operação. As vítimas disseram que eles eram do grupo do tenente, que também refutou as acusações.
Depoimentos
O delegado afirmou contar com depoimentos de outros PMs. Eles teriam afirmado que a ação dos acusados "não cheirava bem".
"Ao depor, disseram que perceberam, quando chegaram ao local, haver algo estranho na ação dos colegas. Nenhum deles quis se envolver", disse o delegado.
Antes da tortura, os acusados teriam sequestrado duas familiares das vítimas e as obrigado a levá-los à casa do comerciante.
Os policiais teriam invadido a casa porque suspeitavam que Souza fosse o assassino do soldado Ricardo Nabuco de Souza, morto três dias antes. Eles teriam quebrado portas, mesas e armários e disparado tiros dentro da casa.
Em seguida, teriam submetido o comerciante e a professora a duas horas de torturas. Durante a ação policial, sumiram uma pistola semi-automática, um gravador e uma jaqueta das vítimas.
Inquérito
Após os indiciamentos dos policiais, o delegado deverá fazer seu relatório e enviar o caso ao Ministério Público Estadual, que decidirá se os acusados serão ou não denunciados e processados.
Desde que chegou ao DHPP, em 19 de fevereiro passado, o inquérito já triplicou de tamanho: agora tem três volumes. Ele foi mandado para esse departamento a pedido da Ouvidoria da Secretaria da Segurança Pública.

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