São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996 |
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Paródia caracteriza o similar nacional
JOSÉ GERALDO COUTO
Basta lembrar que, nos remotos tempos em que Chico Anysio tinha graça, um de seus personagens mais divertidos era o subnutrido e desdentado Bento Carneiro, "vampiro brasileiro", aquele cuja vingança seria "malígrina". Bem antes disso (em 1971), o cineasta udigrudi Ivan Cardoso tinha feito do poeta Torquato Neto o "Nosferatu no Brasil", num memorável longa em super-8. O próprio Cardoso, um especialista em horror barato, realizaria em 86 o chanchadesco "As Sete Vampiras", em que boazudas com caninos avantajados infernizam hóspedes do Quitandinha. Um dos atuais projetos do cineasta é uma co-produção com o americano Roger Corman intitulada "Drácula no Carnaval". "Ele entra com o Drácula e eu entro com as mulheres", diz Cardoso. Para provar que o carisma do personagem, mesmo em clave humorística, continua em alta no país, há dois novos longas-metragens povoados por vampiros. Um deles, em fase de finalização, é o engenhoso "Olhos de Vampa", de Walter Rogério, em que um vampiro aterroriza o bairro paulistano de Pinheiros ao sugar o sangue de suas belas vítimas cravando-lhes os caninos na bunda. Para tentar pegar o monstro em flagrante, um policial e um fotógrafo usam como isca a rebolante Christiane Tricerri, que eles seguem pelas ruas à espreita de um voyeur mais afoito. A história, que explora brilhantemente o tema da preferência anatômica nacional, é extraída do romance "Rum para Rondônia", de Luiz Roncari. O outro longa, "Urubuzão Humano", de Diomedio Morais, está em fase de filmagem. Neste terror "trash", Drácula vem ao Brasil e se defronta com o anti-herói Urubuzão, que invade cemitérios para se alimentar dos cadáveres. O filme é inspirado em quadrinhos de Julio Shimamoto e está sendo realizado com equipamento emprestado, por uma equipe que trabalha em regime de cooperação, ou seja, de graça. Texto Anterior: Nova geração de vampiros ressuscita o mito nas telas Próximo Texto: Murphy deixa a desejar Índice |
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