São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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PMDB decide hoje o futuro de Quércia

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A escolha hoje do candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo é o pano de fundo do que está verdadeiramente em jogo: a sobrevivência política do ex-governador paulista Orestes Quércia.
Disputam a prévia de hoje, na Câmara Municipal, o deputado federal Alberto Goldman, da ala governista do PMDB, e o ex-deputado estadual João Leiva, do grupo quercista.
Não existe favorito, ainda mais depois que a disputa passou a ser marcada por suspeita de tentativa de compra de votos. "Até agora não sei de nada, mas não sei o que pode acontecer de madrugada", disse Leiva na sexta-feira sobre os rumores de suborno.
"Não sei o que o Quércia está fazendo", respondeu o deputado Luiz Carlos Santos, líder do governo na Câmara e articulador da pré-candidatura de Goldman, quando perguntado sobre os métodos que estão sendo adotados para a conquista de votos.
Desafio
Pela primeira na história do PMDB paulista, que há muitos anos tem hegemonia total do quercismo, constata-se divisão total de forças.
A bancada federal paulista do partido, apóia majoritariamente Goldman, num inédito gesto de desafio a Quércia.
A bancada de vereadores paulistanos do partido ficou com Leiva. "O que está em jogo é a posição do PMDB em relação ao governo federal", declarou Leiva, tentando dar um caráter ideológico ao confronto.
"A discussão é entre a concepção que quer escolher um candidato à prefeitura e um movimento que quer preparar alguém para daqui a dois anos", respondeu Goldman, numa alusão ao plano de Quércia de tentar voltar ao governo do Estado em 98.
Quércia, cauteloso sobre o resultado, tentou minimizar o efeito de uma eventual derrota de seu candidato sobre seus planos futuros.
"Não é uma questão de vida ou morte para mim", disse Quércia. O ex-governador, porém, admitiu que um revés de Leiva criaria um "quadro problemático".
Quércia insistiu no discurso antigovernista. "O Luiz Carlos Santos e o pessoal que apóia o Goldman quer arrastar o PMDB para o governo", acha.
Santos, é óbvio, tem outra concepção sobre a prévia. "Vamos escolher entre um partido que tem autonomia ou um partido atrelado a uma liderança", estocou Quércia.

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